Na ressaca das Festas de São Miguel e prestes a completar o primeiro ano de mandato, o presidente da Câmara Municipal de Penela, Eduardo Santos, faz um “balanço positivo” dos concorridos festejos e lança um olhar para alguns dos projectos em curso.
TERRAS DE SICÓ (TS) – Qual o balanço que faz das Festas de São Miguel?
EDUARDO SANTOS (ES) – Um balanço muito positivo. Acima de tudo sentimos que conseguimos recuperar o orgulho e a satisfação de ser penelense. A minha visão para as Festas de São Miguel era que as festas fossem recuperadas como o grande momento de reencontro da família penelense e isso está a acontecer. Se conseguirmos que os penelenses espalhados por Portugal e pela Europa, estejam cá neste momento, estamos a atingir um dos primeiros objectivos, porque depois com eles vêm os outros, que por norma vêm sempre. Queremos fazer uma festa muito direccionada para os nossos. Nestes dias a seguir às festas, nas redes sociais, é possível constatar a satisfação das pessoas.
TS – Está prestes a completar o primeiro ano de mandato. Dentro das expectativas que tinha, está a ser mais fácil ou mais difícil do que esperava?
ES – Relativamente às minhas expectativas pessoais está em linha com o esperado. Tinha consciência da exigência desta função e desde o primeiro momento, o dia da vitória nas eleições, o sentimento que me assolou foi o de grande responsabilidade, porque acredito que o presidente de Câmara tem uma responsabilidade muito grande para com os seus munícipes e tem uma missão muito nobre a cumprir, no sentido de melhorar a sua qualidade de vida. O que não estava à espera era de um conjunto de dificuldades que vim a sentir, algumas surpresas desagradáveis que nos dificultaram o ano.
TS – Nomeadamente…
ES – Algumas heranças difíceis de gerir, nomeadamente, três milhões de euros a pagar num curto espaço de tempo. Refiro-me a obras entregues à APIN no âmbito de projectos de saneamento. E depois os desafios anormais de um início de mandato eleitoral. Quando ouço colegas de outros municípios, em terceiro mandato, a queixarem-se das dificuldades, sinto-me até reconfortado porque para mim as dificuldades têm sido grandes, mas pensei que normais. Mas sinto-me revigorado por ouvir essas palavras. O que dizem é que nem se conseguem imaginar como seria estar em início de mandato e lidarem com todas as questões das transferências de competências e todas as novidades que têm aparecido para as autarquias locais. Nesta fase, já começamos a sentir que temos todos os temas relativamente sob controle.
TS – A atribuição do Prémio Região Empreendedora Europeia a Penela foi até agora o momento mais marcante do mandato?
ES – Foi um momento muito marcante e é um prémio muito importante para nós e que queremos potenciar para o futuro, mas os momentos mais marcantes do mandato têm sido um conjunto de situações que estavam muito embrulhadas e que temos vindo a conseguir desembrulhar. Por exemplo, entrámos num município em que a gestão documental era muito deficiente, não existiam documentos importantes, não existiam cópias de estudos que o município contratou e que só através de consulta ao portal base.gov é que percebemos que esses estudos deviam existir no município. A resolução dos problemas, uns maiores e outros mais pequenos; perceber que conseguimos, com esforço, com dedicação, com capacidade de gestão do nosso orçamento, resolver problemas que afectam a vida das pessoas. Esses são os momentos mais impactantes do primeiro ano de mandato.
TS – A incubadora HIESE foi fundamental para a atribuição do referido prémio. Que papel pode vir a ter na estratégia que traçou para o mandato?
ES – Tenho um passado profissional muito ligado ao sector privado e ao mundo das empresas e, portanto, tenho a firme convicção de que não há pessoas sem empresas. Há um círculo virtuoso, há um ecossistema em que precisamos de empresas, de pessoas, de habitação, precisamos de escolas. E, portanto, é preciso que esse ecossistema funcione todo ele na perfeição. O HIESE é um elemento fundamental porque alavanca a criação de um conjunto de empresas que depois podem ter um impacto no território.
TS – Que importância atribui à obra em curso de requalificação da Praça do Município?
ES – É muito, muito importante. Este projecto vem dar-nos um conjunto de oportunidades. Tínhamos um muro que estava a cair e vamos conseguir transformá-lo num parque de estacionamento que vem dar uma nova centralidade à vila de Penela, vem beneficiar os serviços que funcionam nos Paços do Concelho, serve em termos turísticos os visitantes do castelo e também ajuda, igualmente, os moradores do centro histórico e os empresários da hotelaria e restauração do centro da vila.
TS – Por que é que as obras do Castelo demoraram tanto tempo a ser retomadas?
ES – Quando fiz uma reunião de avaliação com a equipa de fiscalização da obra e falei com o empreiteiro, percebi claramente que havia um conjunto muito grande de indefinições. O projecto que ia intervencionar um monumento histórico e que previa muitas movimentações de terra, tinha um conjunto de lacunas, algumas perfeitamente compreensíveis, porque não se sabia o que se ia encontrar debaixo das terras, mas outras que já seriam responsabilidade de alguém. O que decidi foi que a obra só retomaria quando todas as condições estivessem reunidas para que não voltasse a parar. Durante muito tempo o que esteve a prender o retomar dos trabalhos foi uma escada que liga o Quintal das Lapas ao passadiço inferior, situação que agora está ultrapassada. Os trabalhos foram retomados no passado dia 24, sendo que o empreiteiro tem agora um prazo de 90 dias para os finalizar.
TS – A zona industrial de Penela tem condições para ser alargada?
ES – Ainda estamos com a zona industrial da Louriceira em mãos, que é mais um novelo que temos para desembrulhar. Temos um conjunto de contratos-promessa de compra e venda para aquela zona industrial e apesar de termos um conjunto de empresas interessadas em lá se instalarem, o processo de licenciamento ainda não está concluído. Estamos à espera de um parecer da Direcção Geral de Energia e Geologia. Já avançámos com tudo o que nos competia, mas falta-nos esse licenciamento. Depois de fecharmos o processo da zona industrial da Louriceira, temos de perceber se esgotamos ali todos os lotes e olhar para ampliações. Designadamente, na zona industrial de Penela, perceber o que é possível, o que faz sentido e o que é razoável adquirir para a ampliar e o mesmo sucede na Louriceira.
TS – Também quer o metro de superfície em Penela?
ES – O sonho ninguém nos tira. Há uma coisa em que já estamos a trabalhar, com a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra e com os municípios vizinhos para que isso possa vira ser uma realidade. Já estamos a preparar em Plano Director Municipal (PDM) para deixar espaço-canal para que um dia o metro possa passar em Penela. No dia em que fecharmos o PDM e o espaço-canal fique perfeitamente definido, em articulação com a CIM e os municípios vizinhos, iremos começar, paulatinamente, a fazer algumas expropriações para que cada vez seja mais fácil que o metro se torne uma realidade.
TS – O que é que já pode adiantar do Penela Presépio deste ano?
ES – Vamos procurar pegar no modelo do ano passado, uma vez que o castelo ainda não está disponível e vamos introduzir-lhe algumas novidades, incrementar tudo o que for possível, sabendo, no entanto, que o seu espaço de eleição, o nosso castelo, ainda não estará pronto. Quando, depois, as obras do parque de estacionamento da Praça do Município estiverem concluídas, aí sim, o Penela Presépio regressará ao seu local de eleição e para esse ano, em princípio em 2024, teremos uma edição especial.
LUÍS CARLOS MELO
[ENTREVISTA PUBLICADA NA EDIÇÃO IMPRESSA]
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