A Águas do Baixo Mondego e Gândara (ABMG) manifestou-se hoje preocupada com um “aumento inesperado” de quase 400% dos custos da electricidade, desde Agosto, o que abala a gestão financeira da empresa no resto do ano.

“Temos um aumento próximo dos 400% de um dia para o outro, o que nos deixa perplexos”, disse à agência Lusa o director-geral da ABMG, Nuno Campilho.

Entretanto, na sua página da internet, a empresa alertou a população que serve, nos concelhos de Mira, Montemor-o-Velho e Soure, que “apresenta evidências de um aumento significativo de quase 400% nas últimas facturas da EDP”.

“A factura mais recente, de apenas um dos mais de 200 contratos que a ABMG (…) tem com a EDP, sofreu um aumento de quase 400%”, explica.

A penúltima factura, “correspondente ao período de facturação de 2 a 19 de Agosto (17 dias, portanto), apresenta um valor total de 1.788,08€, calculado de entre quatro escalões tarifários que perfaziam, grosso modo, 0.10€ por kW/h”, adianta a ABMG.

“É uma surpresa brutal e a todos os títulos inacreditável”, declarou hoje Nuno Campilho, alertando para o impacto que estes aumentos da energia “vão ter nos custos operacionais para manter a empresa sustentável”.

É de 800 mil euros o montante reservado para electricidade no orçamento de 2022 da ABMG, actualmente presidida por Emílio Torrão, que lidera também a Câmara de Montemor-o-Velho e a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra.

Segundo a estimativa do director-geral, tendo em conta os novos valores das facturas da EDP que a empresa intermunicipal espera receber, o total dos encargos com electricidade para este ano “deverá passar para três milhões de euros”, até 31 de Dezembro, quase quatro vezes mais do que o valor orçamentado, “custos que se tornam incomportáveis”.

“Não era nada expectável. Estamos agora um bocadinho com o coração nas mãos”, disse Nuno Campilho à Lusa.

Na quinta-feira, ao informar os consumidores da situação, a ABMG escreveu, no título da nota, que está “em choque com factura de electricidade” a pagar à EDP.

Com sede na Carapinheira, município de Montemor-o-Velho, a empresa assegura o abastecimento de água e o saneamento de águas residuais a um universo de 30 mil clientes, entre entidades privadas e públicas e famílias, e 53 mil habitantes.

LUSA