O ano de 2021 foi um período de recomeço para a economia mundial, no seu geral, assim como, para os vários concelhos pertencentes às Terras Sicó. A pandemia COVID-19 deixara profundas marcas no tecido empresarial que, apesar do auxílio de algumas medidas políticas, foi obrigado a retomar o seu nível de actividade vagarosamente.
Com base num estudo sobre o “O Impacto da Pandemia COVID-19 no Desempenho das Pequenas e Médias Empresas Portuguesas”, foi possível constatar alguns resultados para as PMEs dos concelhos das Terras Sicó. Medindo o desempenho das empresas através da rendibilidade operacional dos seus activos (ROA), constatou-se que existem variáveis que apresentaram comportamentos distintos.
A primeira variável de estudo foi a autonomia financeira que demonstrou uma influência positiva e significativa no desempenho das PMEs das Terras Sicó, ou seja, um maior nível de autonomia financeira traduz-se num melhor desempenho, o que faz com que as empresas apresentem maior resistência a choques económicos e a crises financeiras.
A segunda variável do estudo foram os rácios de liquidez e constatou-se que seguiram um padrão de comportamento semelhante à variável anterior, verificou-se igualmente um sinal positivo e estatisticamente significativo na relação entre a liquidez e o ROA. Assim, empresas que tinham níveis de liquidez e de autonomia financeira positivos e mais elevados conseguiram dar uma resposta mais eficiente aos seus compromissos financeiros e a melhorar de forma consistente os seus níveis de tesouraria no curto prazo.
Contrariamente a estas variáveis, um conjunto de outros rácios apresentaram uma relação negativa e significativa para com o ROA, nomeadamente, a variável solvabilidade que revelou uma tendência decrescente e negativa, especialmente após um período durante o qual muitas organizações se viram obrigadas a realizar empréstimos bancários de modo a suportar a sua actividade durante a pandemia. O efeito dos juros suportados e os efeitos fiscais (rácios de alavancagem financeira), revelaram ter uma relação com sinal negativo e apresentaram significância estatística em relação à variável ROA. Em períodos de crises económicas, a capacidade das empresas para cumprirem as suas obrigações em relação aos empréstimos bancários, especialmente quando o contrato em causa tenha em vista prevenir ou regularizar situações de incumprimento de outros contratos de crédito anteriores, influenciou negativamente o desempenho das empresas, não só nas empresas dos concelhos das Terras Sicó como também na generalidade das pequenas e médias empresas portuguesas.
Por sua vez, a dimensão das organizações apresentou uma relação positiva com o seu desempenho, pelo que empresas de menor dimensão tiveram maiores dificuldades no período de crise e pós-crise, e menor resistência a choques e crises económicas.
Em último lugar, a variável macroeconómica do Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um impacto positivo e significativo no ROA.
Através de um modelo econométrico de previsão de valores relativamente ao impacto da pandemia para o ano de 2021, conclui-se que parte dos sectores de actividade ficou aquém das expectativas de desempenho financeiro, pelo que o ano de 2021 revelou-se difícil para o tecido empresarial agravado ainda pela redução da procura e, consequentemente, pelas quebras quanto aos resultados líquidos do exercício económico. Esses sectores foram especialmente os sectores relacionados com as actividades económicas da agricultura, da produção animal, da caça, da floresta, da pesca, da construção civil, do alojamento e da restauração ou similares. Todavia, sectores como o da captação, tratamento e distribuição de água e saneamento, das actividades financeiras e de seguros ou mesmo actividades artísticas apresentaram valores superiores aos esperados, contrariando, por sua vez, a tendência dos sectores primeiramente mencionados.
Nota: Este estudo foi realizado com base na Dissertação de Mestrado em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, com o título “O Impacto da Pandemia COVID-19 no Desempenho das Pequenas e Médias Empresas Portuguesas”, da autoria do Mestre José Pedro Henriques, sob a orientação científica da Prof. Doutora Liliana Marques Pimentel.
Liliana Marques Pimentel – Professora Universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
José Pedro Victorino Henriques – Licenciado em Economia e Mestre em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
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