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Mara Mures descobre a América do Sul à boleia de uma bicicleta com pausas para pintar

10 de Agosto 2022

Bob Dylan, Eddie Vedder ou Rosalía são os companheiros de viagem de Mara Mures, a jovem artista plástica que agarrou na sua bicicleta, atravessou o Oceano Atlântico e aterrou em Buenos Aires (Argentina), a 4 de Fevereiro de 2022. Entretanto já passaram mais de seis meses e cerca de 6.000 quilómetros a pedalar. “Regressar ainda não está no mindset”, vai continuar até querer… “Na verdade não quero parar de viajar”, confessa enquanto admite as saudades: “gostava de visitar a família e os amigos”.

O gosto pela bicicleta nasceu de uma forma muito natural, afinal “cresci numa aldeia e sempre andei de bicicleta por todo o lado, com a vantagem de que é mais rápido do que caminhar e mais económico que andar de carro” brinca. Nos alforges leva pouco: uma tenda, saco cama, roupa, utensílios de cozinha e alguma comida, entre “amendoins, bananas, polenta, aveia, chá, lentilhas”, e o essencial: “material para pintar, cadernos, mapa e ferramentas para a bicicleta”.

Pois é, a jovem de 25 anos juntou o gosto pelo desporto com a paixão pela pintura e decidiu tornar o sonho realidade. “Queria vir para a Patagónia, esse era o plano inicial: visitar El Chaltén era o sonho” e demorar-se a ilustrar as páginas do seu caderno com os cenários naturais fantásticas que aquela região oferece. Entusiasta da escalada, que iniciou no Canhão do Vale do Poio, na Redinha (Pombal), Mara Mures ‘fartou-se’ de ver aquelas paisagens em filmes e documentários. Agora é a sua vez de explorar: “a Patagónia porque tem lugares incríveis para pintar e visitar”. O pior é mesmo o “clima agreste, faz muito frio e vento”.

Mas a “liberdade total para ir onde quero e quando quero, a liberdade de pintar, de escalar e de passar o tempo que quiser em cada lugar”, acabam por minimizar as dificuldades. Afinal, “pedalar à chuva e ficar com as mãos completamente congeladas em Pichi Traful”, faz parte do percurso.

E se as pinturas a guache da jovem artista são totalmente surpreendentes, “durante a pandemia dediquei-me mais aos pigmentos e comecei a recolher rochas e terras de lugares diferentes”. O que lhe interessa “são as cores diferentes que se conseguem”, um aspecto “algo mais primitivo que se faz há milhares de anos e simples”, mas que torna o processo ainda mais especial: “esses são os meus souvenirs, bocados de rochas”, e conta que recentemente enviou “uma caixa para Portugal cheia disso”.

Às vezes, sente falta de “tomar um banho bem quente, do sol e da comida do pai”, mas a conquista de atravessar a Argentina, entre Mendoza e Ushuaia, de bicicleta, já ninguém lhe tira, nem os dois cadernos cheios de pinturas, que espera “digitalizar e editar”, à semelhança do que fez quando regressou da Islândia, na sua primeira viagem a solo.

Incentivada pelo pai, “grande atleta nas modalidades de atletismo” e também aficionado pelas viagens a duas rodas, a jovem da Bajouca (Leiria) financia a viagem “gastando o mínimo possível”, através de “algumas poupanças” e “fazendo pinturas a guache que vende através das redes sociais” que envia para Portugal.

A viagem continua para “Norte, gostava de passar pelo Uruguai, Bolívia, Peru” e já imagina para o futuro que “seria giro visitar o Japão em bicicleta”. As aventuras de Mara Mures podem ser acompanhada através dos registos frequentes na rede social Instagram (@muresmara) e no Facebook (watercolormures).

ANA LAURA DUARTE

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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