Miguel Fernandes está “sem palavras”: afinal foi um dos 30 seleccionados para ser “astronauta por um dia”, através do concurso Zero-G Portugal, promovido pela Agência Espacial Portuguesa. Os jovens vão ter a oportunidade de experienciar a sensação de gravidade zero num voo parabólico.
O feito não foi pequeno, uma vez que o concurso recebeu 460 candidaturas a nível nacional, de jovens com idades entre os 14 e os 17 anos, num processo de selecção que “incluiu várias fases que reproduziram o processo real”, com testes físicos e de percepção e interpretação do Espaço.
“Inicialmente enviei uma candidatura, acompanhada por um vídeo”, conta o jovem de 16 anos. Passou à fase seguinte: “uma prova psicotécnica de percepção e interpretação do espaço”. O aluno do Agrupamento de Escolas Martinho Árias, de Soure, admite que “foi bastante desafiante”, uma vez que “nunca tinha visto nada assim”, no entanto o desafio foi superado. Passou novamente à etapa seguinte: “uma prova física”. Ou melhor, a derradeira prova, porque era esta a que “mais preocupava”: ainda assim, superada com sucesso.
Miguel Fernandes conta, divertido, que a preparação para a prova física, que se realizou no Porto, “foi bastante exigente”, afinal “duas semanas antes tive Covid, o que me debilitou um pouco”, mesmo assim, e “por viver numa aldeia, onde tenho um grande quintal”, permitiu-lhe exercitar-se “praticamente todos os dias”.
Mas recuemos no tempo, “para ser sincero nem sabia da existência deste concurso”, foi a professora de português que abordou o tema. No final da aula “falei individualmente sobre o assunto com a professora, que me encorajou a participar”. O gosto pelo Espaço já é antigo e depois do incentivo “resolvi participar”, conta o jovem enquanto explica que sempre gostou de “participar nas actividades extracurriculares”, por acreditar que “a Escola não serve só para estudar, sinto que também preciso de me envolver noutros projectos” e por isso nunca está parado. Entre a “ansiedade” de aguardar pela data do voo a bordo de um Airbus A310, com partida marcada para 16 de Setembro, a partir do Aeroporto de Beja, e o arranque do ano lectivo, o jovem, natural do Sobral, apoia “na organização e decoração das ruas para as festas da aldeia”, dá uma ajuda aos pais e ainda tem tempo para se reunir com os colegas, e amigos, da escola.
“Posso dizer que sou um privilegiado: a minha turma é muito unida e acabamos por viver o sucesso uns dos outros”, segreda. Miguel conta que no dia a seguir ao da entrega do ‘bilhete’, combinou um encontro com os amigos: “quando lhes disse que era um dos vencedores agarraram-me e abraçaram-me, foi muito bom”, também à professora Cristina Morais fez questão de lhe dar a notícia pessoalmente.
Quase a completar os 17 anos, o jovem ainda não sabe o que quer ser ‘quando for grande’, mas tem “quase a certeza” de que o futuro passará por “uma engenharia ligada às ciências aeroespaciais”.
Ainda sobre a vitória alcançada, Miguel Fernandes não tem dúvidas de que todo os processo “só reforça a ideia de que com foco consigo alcançar os meus objectivos”. O adolescente confessa que “não ganhei apenas um bilhete para uma viagem fantástica, fortaleci muito os laços com o meu pai, que me acompanhou imenso durante todo o processo, aumentei o meu conhecimento” e espera ainda, com esta aventura, “fazer novos amigos”.
Ana Laura Duarte
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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