Desde as florestas e os matos que ardem quando a temperatura aperta, dizimando milhares de quilómetros quadrados de recursos naturais, além de casas e, desgraçadamente, directa e indirectamente vidas humanas, passando pela Saúde que é um caos real e que anuncia aos eventuais utentes para não adoecerem no Verão porque nessa altura será ainda pior, ou a confusão da TAP que despede primeiro para agora vir dizer que (afinal) precisa de mais recursos, num autêntico “hino” à falta de visão estratégica empresarial, dando complementaridade aos prejuízos anuais contínuos, ou à tragédia anunciada de falta de professores em milhares de escolas, para não falar de milhões de portugueses no limiar da pobreza que, independentemente das retóricas políticas, são, cada vez mais, em maior número, Portugal é um país adiado e governado em dois modelos : ou ao sabor da popularidade ou de alguma condicionante político-partidária e dos interesses instalados ou em estado de emergência.
Tirando poucos anos, desde a entrada na Comunidade Europeia, é isto que temos tido, com mais ou menos habilidades e sem conseguirmos mudar estruturalmente. É a nossa inevitabilidade ou como dizia um cidadão, numa das milhares de reportagens sobre incêndios destes últimos dias, “é mesmo assim!…”. Nem sequer falamos da nossa baixíssima taxa de natalidade ou da nossa “velha” administração pública presa a hábitos de outrora, sem perceber que, hoje, a competitividade e a velocidade são incomensuravelmente maiores, ou da fragilidade de termos um território completamente desequilibrado e parcialmente despovoado. Nem sequer desenvolvo o problema da imensa dívida pública que temos todos de “gerir”, como dizia o outro. Somos um País pequeno e adiado, ou, talvez, um País adiado porque é demasiado pequeno.
Temos um Governo de maioria absoluta há cerca de meia dúzia de meses que já parece um Governo em fim de ciclo, onde ministros se atropelam em busca de um futuro político partidário, outros que se arrastam denunciando uma total ausência de frescura para poderem liderar alguma ténue reforma política, e um Primeiro-Ministro que manifestamente tem falta de tempo para coordenar políticas internas, dada a sua agenda internacional. Enquanto isso, o famoso PRR e o novo quadro comunitário têm os regulamentos atrasados e vai-se percebendo que muitos dos investimentos públicos estão mal preparados, adivinhando-se muito dinheiro mal gasto. Não sei se é inevitável ou se será “mesmo assim”, mas este é o retrato de Portugal, fora das “belas” estatísticas do turismo e do esforço hercúleo de sectores empresariais estratégicos que se debatem com o aumento brutal dos seus custos energéticos e com uma inflação que provocará inevitavelmente uma subida na taxa de juros e, por consequência, uma diminuição do consumo.
Precisamos de um Governo forte, mas parece que temos muito menos do que isso, apesar de todas as condições políticas para poder fazer um mandato que não tinha de ser novamente esta “inevitabilidade” crónica.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM