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Penela: Chanca ideal para acolher centro de desportos de aventura

5 de Junho 2022

A aldeia da Chanca, no concelho de Penela, reúne condições para acolher um centro de desportos de aventura, defende uma tese de mestrado em Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, realizada no âmbito da colaboração com a Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó para a Rede de Aldeias de Calcário (RAC).

O trabalho da autoria de Tiago André Simões da Silva sugere a construção de um centro (“hub”) para “dar apoio às modalidades do parapente, escalada, pedestrianismo, BTT, assim como a todas as práticas desportivas que decorrem em meio natural”.

“As características da paisagem natural das Terras de Sicó são um incentivo à prática de um conjunto de modalidades desportivas que podem constituir um enorme contributo para o desenvolvimento do território, se os seus impactos se multiplicarem. Os desportos de aventura poderão, assim, tornar-se num meio para dar resposta a lacunas encontradas quanto à exploração e valorização do território, em sintonia com o reconhecimento dos valores patrimoniais e ambientais, assim como na divulgação das actividades físicas, desportivas e do potencial endógeno, numa perspectiva de promoção turística do território”, preconiza o autor.

Tiago Silva afirma que a proposta, “apesar de focar o seu equipamento principal em Chanca, um ‘hub’ dos desportos de aventura em Sicó, trabalha em conjunto com outras aldeias da RAC, assegurando uma rede de equipamentos de apoio à prática desportiva, distribuída pelas aldeias de Casmilo, Chanca, Granja, Poios e Pombalinho”.

A estratégia proposta em rede para parte do território de Sicó pretende “desenvolver um conjunto de experiências que relacionam a natureza e a paisagem com os desportos de aventura”.

“Com a análise das rotas e trilhos já existentes referentes à peregrinação, BTT, escalada e percursos pedestres no território, foi possível perceber uma área onde será uma mais-valia a implantação de equipamentos de apoio às variadas modalidades. A proposta implica cinco das aldeias da RAC, com diferentes tipos de concretização, ou seja, com diferentes tipos de ofertas de apoio para a comunidade dos desportos de aventura”, sublinha Tiago Silva, para quem “a rede é o significado de uma proposta com uma possibilidade vasta da prática de desportos de aventura ao longo da RAC, abrindo a possibilidade para explorar, de forma segura, novas rotas e zonas de escalada em contacto com a natureza”.

Três unidades funcionais

Para o autor do estudo, a implantação do centro em Chanca “partiu da necessidade de ter um equipamento que albergasse um programa mais complexo, capaz de dar apoio à modalidade do parapente”, que tem naquela aldeia a “localização ideal, devido à proximidade do vale do Rabaçal”. O ‘hub’ seria implantado na entrada sul/nascente da aldeia e ligado ao seu principal espaço público – o largo de chegada a Chanca.

“Com um programa distribuído por vários edifícios, a forma como esta zona de chegada à aldeia é ocupada explora o espaço público e enriquece-o com elementos típicos de Sicó como os muros de pedra seca, assim como com equipamentos com uma arquitectura que se baseia e respeita a arquitectura vernácula da região. Esta implantação conta com uma relação directa para com a envolvente e as vistas para o vale do Rabaçal, estando presente o constante contacto com a biodiversidade local, contribuindo para a valorização do património natural”, refere Tiago Silva, que desenvolveu o trabalho académico em parceria com Jénifer Cunha e Joana Almeida.

O referido programa divide-se em três unidades funcionais: um edifício exclusivamente dedicado ao apoio da comunidade local, “com o objectivo de reforçar as relações intracomunitárias e proporcionar a interacção com o visitante”; o ‘Hub’ Desportos de Aventura, “edifício multifuncional com um programa de apoio a diversas modalidades e, também, de serviço à comunidade local e turística”; por fim, o alojamento temporário com um núcleo de bungalows organizado ao longo de um percurso que modela o terreno, seguido por um conjunto de muros de pedra calcária.

“Desta forma, a proposta que apresento assenta num tipo de ‘animação comunitária’, onde se promove um conjunto de relações interpessoais e sociais entre a comunidade local e a comunidade dos desportos de aventura. Desde o simples contacto ocasional, através de breves cruzamentos nos espaços comuns das aldeias, até à elaboração de eventos referentes às respectivas modalidades de desportos de aventura organizadas a partir do ‘hub’, que promove a interacção entre várias camadas etárias da população e dos visitantes”, específica o autor.

A aldeia de Chanca, um aglomerado de reduzida dimensão, incluindo demográfica, integra-se na unidade territorial do Vale do Rabaçal, que integra as serras cársicas e a depressão do Rabaçal, e que é essencialmente constituída por depressões margosas, serras, planaltos calcários, vinhas, oliveiras, cereais de sequeiro, carvalhos e pinheiros.

A dissertação ‘Desportos de Aventura, um motor de desenvolvimento de Sicó e rejuvenescimento de Chanca’, de Tiago Silva, resulta da iniciativa de investigação aplicada ‘De volta ao rural ou como reforçar a coesão da cidade regional?’, realizada no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Associação Terras de Sicó e a Universidade de Coimbra, através do Departamento de Arquitectura. Dentro desta iniciativa, um grupo de estudantes do Mestrado Integrado em Arquitectura criaram, com a coordenação do professor Adelino Gonçalves, a estratégia de valorização das aldeias definidas para a RAC, designada ‘Aldeias de Calcários: Pólos de Multifuncionalidade, Agregadores Sociais, Centros de Saber e Experiência’, desenvolvida com planos de intervenção nas mesmas.

Uma exposição destes trabalhos académicos esteve, recentemente, patente no museu PO.RO.S, em Condeixa, por ocasião da realização da Exposicó.

LUÍS CARLOS MELO

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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