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Música popular, noites quentes e gente: o regresso dos bailes de Verão

5 de Junho 2022

Começou o mês que traz consigo o regresso do Verão, dos dias longos e quentes, das esplanadas com amigos e dos tradicionais arraiais das Festas Populares. Dois anos se passaram sem que os afamados bailes de Verão acontecessem. Por todo o concelho de Pombal surgem cartazes recheados de nomes que asseveram ser animação garantida em festas que prometem honrar os seus Santos Padroeiros. O TERRAS DE SICÓ conversou com membros das comissões de festas do Santo António, São João e São Pedro e todos eles afiançam duas coisas: um regresso “com ainda mais força” e a garantia de “melhor festa”.

“Regressamos ainda com mais força e iremos fazer o nosso melhor para que as pessoas se divirtam, pois são elas quem faz a festa. Além disso, este ano queremos que se sintam ainda mais seguras e essa é a nossa principal promessa. Daí apostarmos em segurança privada no nosso arraial para evitar algumas situações menos agradáveis”, afirmaram Filipa Loureiro e Licínia Silva, membros da Comissão de Festas do São João da Pelariga, sublinhando que este ano esperam ter “uma festa igual ou melhor que os anos anteriores, convivendo com a nova ‘normalidade’” e que nem isso os demoveu de inovar, uma vez que “decidimos ter um serviço de DJ durante o arraial por umas horas, para aliviar um pouco o largo da nossa festa”, dado que por vezes é difícil ali dançar à vontade “porque o espaço se encontra lotado”.

Mara Santos, representante da Comissão de Festas de Santo António, nos Barros da Paz, Almagreira, acrescenta que este é um regresso com a promessa “de muita alegria e muito convívio”, estando por isso “expectantes”, porque “o convívio é sobretudo o mais desejado, não só pela organização, mas também pelos populares”.

De volta aos palcos

Mas não são apenas as comissões de festas que garantem “o melhor regresso de todos”.

“A melhor forma de responder a essa questão é recorrer ao método dos treinadores de futebol, nunca garantem que a sua equipa vai ganhar, mas que tudo vão fazer para que tal aconteça. É com este compromisso que estou de volta aos palcos, trabalhar de uma forma sempre empenhada e nunca esquecer um valor que considero essencial, a humildade. Sinto-me renovado e com muito para dar, por isso podem ter a certeza de que tudo farei para continuar a animar as festas ainda por muitos anos”, assegura Graciano Ricardo, músico que marca presença em muitos dos arraiais do concelho de Pombal, frisando que este regresso vai muito além da vertente económica dos diversos agentes envolvidos, de uma forma directa ou indirecta, na sua organização. “Muitas destas festas já se realizam há muitas dezenas ou centenas de anos e fazem parte da nossa cultura mais genuína. Independentemente do seu cariz mais ou menos religioso ou mesmo pagão, as festas populares fazem parte de uma tradição que ao terminar nos afasta dos nossos antepassados. O que verificamos hoje em dia é uma sociedade cada vez mais virtual, com relações à distância e atribuições de ‘amigos’ a pessoas que nem conhecemos.  Ora, nestas festas existe, de facto, socialização e nota-se que as pessoas estão felizes”, frisa o cantor.

Ainda que o regresso seja desejado por todos, os que fazem a festa e os que usufruem dela, o receio ainda provocado pela covid-19 não deixa de estar presente, mas a vontade de não deixar morrer as tradições, como sublinha Claúdia Pinto, membro da Comissão de Festas de São Pedro em Almagreira, é superior a tudo isso, até porque “o receio faz parte, mas devemos perder o medo e retomar aos poucos as actividades”.

Dois anos de incerteza

E se agora o futuro a todos parece querer sorrir, houve tempos em que assim não o foi e em que a incerteza reinou, traduzindo-se numa quebra financeira ou num momento de “reflexão e ponderação em relação ao futuro”.

“Nós somos o grupo de jovens da nossa aldeia e temos como principal objectivo finalizar a construção da nossa associação, a ARCUDEBAR. Tudo o que conseguimos juntar é para os acabamentos. Portanto, foram dois anos em que não conseguimos fazer nada de trabalhos. A nossa previsão seria estar este ano a comemorar a abertura da associação e com a pandemia tivemos de adiar”, confessa Mara Santos.

Já para Filipa Loureiro e Licínia Silva, este foi um tempo de “de descanso e de reflexão, pois é uma festa que requer muita dedicação e muito trabalho”, mas assumem que foi a comunidade quem mais sofreu e que nestes dois anos perceberam a falta que estes festejos fazem “a todos em geral”.

E para os músicos, que tempo foi este? Que impacto teve na vida de quem depende disto para (sobre)viver?

“O impacto foi brutal. Durante muito tempo a sensação era de angústia e de impotência perante uma situação que se agravava de dia para dia. O meu agregado familiar deixou de contar com qualquer rendimento e as despesas correntes mantiveram-se inalteradas”, revela Graciano Ricardo, garantindo, no entanto, que “nem tudo foi mau”. “Este interregno permitiu-me adaptar a um novo teclado que já possuía há cerca de um ano, mas que por falta de tempo ainda não lhe tinha pegado, o ritmo da vida desacelerou e o muito tempo disponível tornou possível olhá-la de outra forma e valorizar coisas às quais não dávamos tanta importância”, releva.

O pior já terá passado. Volte a festa! Estamos prontos…

RUTE AZEVEDO SANTOS

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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