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PAULO JÚLIO

Espaço político livre!

3 de Junho 2022

A democracia estruturada vive tanto melhor quanto mais organizados forem quem está no poder e na oposição. Portugal que vive, desde 2016, com um governo de esquerda socialista precisa de um PSD forte, compreendido e com uma liderança que saiba integrar uma organização partidária com dezenas de milhares de militantes normalmente críticos, com pensamento diverso, mas cuja matriz é, como sempre foi, apesar das retóricas, valorizar o cidadão e a sociedade civil como actores principais num Estado cujas funções soberanas e sociais se pretendem fortes.

O PSD é um partido complexo, cheio de massa crítica que foi sendo espartilhada ao longo destes últimos anos, como se fosse possível estruturar o partido com um só pensamento e sem crítica livre. Não foi possível e quando não se consegue ser líder para dentro, torna-se muito difícil sê-lo para fora, para todos os portugueses.

Hoje, politicamente, Portugal é estável, tem uma maioria absoluta que foi prometida com diálogo, seja lá o que isso for, neste xadrez tipicamente português, sempre muito táctico e pouco estratégico.

No último sábado, o PSD elegeu um novo líder. Luís Montenegro, que foi um dos líderes parlamentares mais brilhantes das últimas décadas, misturando ponderação e sagacidade, tem, desde logo, de organizar e requalificar as estruturas do partido em cada distrito e na grande maioria dos concelhos.

O Partido precisa de voltar a chamar pessoas, realizar conferências descentralizadas, ouvir as empresas e os grupos de cidadãos, para reganhar a credibilidade e o seu espaço político. Espaço político significa ser o PSD das pequenas e médias empresas, com um discurso coerente de que não há distribuição sem criar riqueza e esta só pode ser criada pelos cidadãos e empresas. Espaço político também significa um Estado que não sorva a riqueza que os portugueses criam, com impostos directos e indirectos, tirando crescimento à economia, espaço político também significa não ter dogmas e colocar sempre a qualidade do serviço aos cidadãos, independentemente da oferta ser pública ou privada. Espaço político ainda é ter ambição, sem ser balofo, manter as contas públicas certas, sem biombos e artifícios. Portugal precisa de uma oposição forte se quisermos ter um governo mais forte. O PSD só ganhará os portugueses, se se conseguir estruturar, se conseguir criar uma alternativa política ao Partido Socialista, apesar das várias vozes partidárias à direita do espectro político.

É uma tarefa grande para gente com ambição grande e arrojo de substância. Mesmo sabendo que este governo tem cerca de mais três anos e meio de duração, haverá momentos políticos intermédios para medir forças, desde logo nas autárquicas de 2025, ano em que muitos autarcas cumprem o terceiro e último mandato. Ainda antes disso, o PSD terá novas eleições que aferirão a capacidade de organização interna e a imagem do novo líder que terá, a partir de agora, passar a ser reconhecido pelos portugueses. Não lhe faltam competências de liderança e de comunicação, bom senso, espírito reformista, ambição e, no meu entendimento, mais dois pontos essenciais: um PSD com vontade de voltar a ser integrador onde “ser melhor” não atrapalha ninguém, e uma sociedade que anseia por uma alternativa política consistente e credível.


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