Alvaiázere tem de “mudar drasticamente o paradigma do apoio às empresas” e vai fazê-lo, assegura o presidente da Câmara Municipal.

João Paulo Guerreiro refere que o município tem “um conjunto de apoios para a formação de empresas e para o empreendedorismo, dos mais avultados da região, mas as empresas que já estão constituídas têm de ser apoiadas de outra forma”, defendeu o autarca na sessão solene comemorativa do Dia do Concelho, na passada segunda-feira (13).

O edil anunciou que o gabinete de apoio às empresas vai ser renovado e será dedicada uma “linha especial às empresas para aquilo que são todos os processos burocráticos na Câmara”.

Segundo João Paulo Guerreiro, o propósito é acelerar os projectos que entrem na autarquia e que “ainda não decorrem à velocidade que gostaríamos”. “E isso muitas vezes é factor decisivo entre investir em Alvaiázere ou investir noutro lado”, enfatizou, salientando que o executivo a que preside “tudo irá fazer para que quem decide investir em Alvaiázere tenha aqui todas as condições para isso, e para que depois também esse investimento ajude a fixar pessoas”.

Na sessão que decorreu na Casa Municipal da Cultura, o autarca fez o ponto de situação de vários projectos em curso no concelho, herdados do anterior executivo e cujo compromisso foi avançar para a sua conclusão.

“A requalificação do mercado municipal está a dias de estar concluído, a área empresarial finalmente está a semanas da conclusão, a mata do Carrascal também está em fase de conclusão e lançámos já a empreitada de requalificação das piscinas municipais descobertas”, anunciou, afirmando que num concelho “felizmente com muitas infra-estruturas” a estratégia passa por “conservar o património municipal que temos”.

João Paulo Guerreiro desafiou ainda o poder central “a olhar para estes territórios de outra forma”. “Quando falamos de coesão, temos de falar de coesão a sério, não pode ser coesão para o litoral. Temos de dar ao litoral o que ele precisa, mas não podemos esquecer territórios como o de Alvaiázere”, enfatizou, preconizando uma diferenciação positiva.

Fafipa de sucesso

No dia de “celebrar Alvaiázere e os alvaiazerenses”, o autarca salientou o “grande sucesso” da 40.ª edição da Fafipa – Feira Agrícola, Florestal, Industrial, Pecuária e Artesanato, com “muita gente” a visitar a vila nos dias do certame, entre 9 e 13 de Junho.

“O sucesso dos cinco dias da feira deve-se acima de tudo a uma estratégia que indicámos logo quando nos candidatámos, referindo que queríamos fazer de Alvaiázere um concelho mais atractivo, mais dinâmico e de uma forma sustentável”, afirmou o autarca.

“Descentralização esquisita”

Ao intervir na sessão, o presidente da Assembleia Municipal de Alvaiázere criticou duramente o processo de descentralização de competências da Administração Central para os municípios em curso, frisando tratar-se de uma “descentralização meio esquisita”, com pouco poder de decisão para as autarquias e escassez de recursos financeiros. “Tenta-se passar a imagem de uma descentralização séria, profunda, mas não é. Recebam lá meia dúzia de tostões e agora governem-se”, caricaturou Carlos Graça, temendo que com o esforço financeiro que lhes é exigido as câmaras fiquem “limitadíssimas na sua acção futura”.

Carlos Graça preconizou, em alternativa, uma regionalização do país “feita como deve ser” e que permita “o poder mais próximo dos cidadãos e com meios e capacidade de intervenção em todas as áreas”.

O deputado do Chega à Assembleia da República pelo círculo de Leiria, Mithá Ribeiro, marcou presença sessão, que homenageou o cineasta Fernando Lopes [ver texto ao lado] e distinguiu Ana Paula Lourenço e Luís Alberto Silva pelos 25 anos como funcionários municipais.

Fernando Lopes, “o melhor dos melhores”

No Dia do Concelho, Alvaiázere homenageou “um dos seus melhores, o melhor dos melhores”, enfatizou João Paulo Guerreiro. O cineasta Fernando Marques Lopes, falecido em 2012, foi agraciado, a título póstumo, com a Medalha de Mérito do Município.

Fernando Lopes nasceu na aldeia da Várzea, em Cabaços, na freguesia de Maçãs de Dona Maria, em 1935, e “foi um dos nossos melhores, levou o nome de Alvaiázere mais longe e com mais força”, frisou o autarca, lembrando uma homenagem realizada ainda em vida. “Mas por tudo o que fez e por tudo o que deu a Alvaiázere, achámos que devíamos elevar o patamar do nosso reconhecimento”, justificou.

Com uma carreira recheada, a par da realização, Fernando Lopes exerceu outras responsabilidades no meio cinematográfico e da televisão. Em 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

A Câmara de Alvaiázere decidiu ainda atribuir o nome do cineasta ao auditório da Casa Municipal da Cultura, tendo a placa com essa referência sido também descerrada na passada segunda-feira (13).

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]