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Pombal: Silva Ribeiro marcou presença no programa de divulgação das Forças Armadas

7 de Maio 2022

O dia começou cedo e com a pontualidade de quem procura nunca falhar. Cumprimentou a todos e demonstrou-se preocupado, e interessado também, em escutar as respostas. Tomou a frente das hostes e rumou ao primeiro ponto de paragem, até porque o dia ia ser longo e os atrasos não fazem parte do vocabulário militar. Percorreu as ruas com o conhecimento de quem é filho da terra.

Foi assim que começou o dia pós 25 de Abril, 48 anos depois da Revolução se dar, do almirante António Silva Ribeiro, ou do “Tó”, como se apresentou aos petizes que o esperavam na primeira escola por onde passou. Escola essa onde também ele estudou.

“Deixem que me apresente. Chamo-me ‘Tó’. Era assim que os meus amigos me chamavam e como vocês são meus amigos, quero que me chamem assim”, começou por dizer o almirante, deixando escapar o quão emocionado estava por se encontrar num espaço que lhe era tão familiar e do qual “guardo boas memórias, memórias de tempos muito felizes”.

A visita prosseguiu depois da passagem pelo Centro Escolar de Pombal, ou como era conhecida no seu tempo, a “escola cor-de-rosa”. Afável com todas as crianças com que se cruzou, mostrou-se particularmente solidário quando conheceu um aluno ucraniano para quem pediu “amizade e compreensão porque o país do vosso colega Vladyslav está em guerra e ele precisa do vosso apoio neste momento tão delicado”.

No dia dedicado ao programa de divulgação das Forças Armadas em Pombal, a presença do seu Chefe do Estado-Maior General foi mais importante do que nunca, não só pela ligação que mantém com a cidade onde nasceu, mas também porque é uma “oportunidade de abrir as portas das Forças Armadas aos cidadãos em geral. Estes programas que hoje acompanhámos – ‘Alista-te por um dia’, ‘Cidadania e Forças Armadas’ e ‘Portugal e Forças Armadas’ – destinam-se a estudantes de faixas etárias distintas, no sentido de despertar neles vocações, interesses e sensibilidades para, se um dia assim o entenderem, ingressarem nas Forças Armadas, mas também de lhes dar a conhecer o que são as suas Forças Armadas e o porquê de nós existirmos”, declarou.

E a verdade é que esse interesse, ou até curiosidade, dos mais novos nas Forças Armadas aconteceu depois de ter dado o seu testemunho no Teatro Cine de Pombal, onde confessou ter tido desde cedo “vocação para ir para a Marinha”, porque “o meu avô e o meu bisavô eram homens da Marinha” e a “casa do meu avô parecia um verdadeiro museu da marinha com objectos de vários lugares do mundo como Macau, África, India e afins”, tendo despertado em si uma atracção por todo aquele mundo.

Foi depois de contar a sua história que a pergunta de “Como é que me posso candidatar às Forças Armadas?” surgiu. E o almirante prontamente respondeu que “caso queiras concorrer a uma Academia ou Escola Naval, os prazos de candidatura são iguais aos das universidades, com variação nas provas de ingresso”, podendo haver ainda candidatura a quem termine o ensino superior, “mas aí ficam em regime de contrato durante vários anos”.

No entanto, foi quando lhe perguntaram pelos seus ideais e valores que António Silva Ribeiro demonstrou, ainda que por palavras, que esses não mudam nem com o tempo e muito menos com o meio.

“Os valores mais sólidos e que nos acompanham por toda a vida são aqueles que os nossos pais nos dão com o seu exemplo. É por isso que é tão importante termos famílias estruturadas e escutarmos os nossos pais e os seus conselhos”, frisou Silva Ribeiro, acrescentando que “quando entramos nas escolas começamos a ter outros construtores dos nossos caracteres e professores que se tornam os grandes exemplos e referências para a nossa vida. E ainda hoje recordei a minha educadora de infância, a Mariazinha; o meu professor da escola primária, o Vitorino, e o meu professor do colégio, o dr. Saul, porque todos eles foram decisivos na construção desses valores e dos grandes princípios que regulam a nossa vida”, concluindo que “se vos posso dar algum conselho é de que ouçam os vossos pais, respeitem os vossos professores e oiçam também o que eles vos dizem, porque tudo isso será fundamental para a construção da vossa personalidade e para o desenvolvimento da vossa inteligência social que é determinante para o sucesso que terão na vossa vida”, disse.

Almirante já “reservou” espaço para mais 2.000 livros

António Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que doou à Biblioteca Municipal de Pombal cerca de 2.000 livros do seu espólio, anunciou na cerimónia de inauguração da ala com aquele acervo que dentro de meia dúzia de anos, quando se “reformar” da carreira académica, terá para ceder àquele espaço idêntico número de obras, ainda utilizadas por enquanto como ferramentas de trabalho.

Na sessão realizada no passado dia 25 de Abril, o almirante pombalense justificou a cedência daquele espólio à biblioteca da sua terra natal, com o “grande gosto em partilhar estes livros com os meus conterrâneos” e a preocupação em “dar-lhes uma segunda vida e uma função social, para que permaneçam acessíveis a todas as pessoas e não fiquem enclausurados no meu sótão”, afirmou.

“Procuro que as novas gerações beneficiem do acervo que tanta influência teve na minha vida”, sublinhou Silva Ribeiro, enfatizando que “estes livros traduzem o percurso da minha vida académica, militar e pessoal”.

António Silva Ribeiro, de 64 anos, é Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas desde 1 de Março de 2018, terminando as funções, por força da lei, a 28 de Fevereiro do próximo ano, após cinco anos no cargo.

RUTE AZEVEDO SANTOS

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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