As marcas dos territórios são essenciais para a percepção das pessoas, sejam os seus próprios habitantes, sejam turistas ou potenciais investidores particulares ou empresariais. Saber comunicar “território” é essencial para criar valor e potenciar investimento, mas para que tal resulte, por detrás, tem de existir um produto e uma estratégia consistentes. Em territórios periféricos, esta necessidade é ainda mais importante porque os turistas ou os potenciais investidores não os identificam facilmente no “radar” quando competem com cidades e territórios mais bem localizados, mais centrais e integrantes de normais circuitos turísticos. Sempre defendi e tentei agir nessa conformidade, em Penela e no Sicó.
Agora que a pandemia já não impede que as pessoas e os investidores voltem a deslocar-se e a procurar novos investimentos, agora que a vida está realmente a normalizar, é muito importante estruturar o produto e a estratégia de marketing territorial para voltar a criar valor, a dinamizar as visitas e o investimento. Ouso voltar a fazer um “zoom” para Penela.
Penela, com os seus dois castelos medievais – um que urge devolver às pessoas, o de Penela, depois de demasiado tempo em obras e o outro, o do Germanelo, que precisa de ser valorizado através de um programa coerente do Centro de Estudos Salvador Dias Arnaut, que poderá perfeitamente ser o centro de uma “boa” candidatura a um espaço de interpretação dos castelos medievais de Penela e do Germanelo, para além de se poder transformar num ponto de interacção com a Universidade de Coimbra, e corporizar um centro de investigação, atraindo jovens e promovendo campos de férias de arqueologia no monte do Germanelo, junto ao Castelo, juntando-o assim às Villas Romanas.
Penela pode ser, havendo ambição, um território de arqueologia piloto onde, com apoio público, nas férias, muitos jovens podem ficar e conhecer melhor aquelas paragens. Essa também é uma forma de ligar mais pessoas ao território. Mas, além desse património, Penela tem aquela particularidade diferenciadora de ser um território de intersecção entre o xisto da Serra da Lousã e o calcário de Sicó. Do lado do Xisto pontificam a Louçainha, a Pedra da Ferida, a Ferraria de São João e mais um conjunto de aldeias que são locais ímpares de um território que fica tão perto da A13 e da A1. E o Espinhal é a porta de entrada desse património natural do Xisto, onde obviamente tem de existir a ambição de criar uma pequena estrutura de interpretação de toda aquela parte da Serra da Lousã.
Do lado do Calcário, pontifica o Rabaçal, ele próprio uma marca por causa do queijo e do seu vale natural. A Villa Romana tem, de uma vez, de ser coberta e o eixo da romanização com Conímbriga e Santiago da Guarda, recuperado com dois ou três projectos âncora que poderão ser a escavação do anfiteatro romano de Conimbriga, a Cobertura e a reabilitação do Espaço Museu da Villa Romana do Rabaçal que já tem o peso dos seus quase 20 anos sem nenhuma alteração de fundo. Isto tudo, mais a valorização da marca Penela e daquele Centro Histórico que é um verdadeiro Presépio, mas tem, há demasiados anos, envelhecido e que precisa de estímulo para que investidores particulares apostem e recuperem casas.
É preciso recuperar a ideia do projecto da Casa da Noz ou outro nome que lhe queiram dar para também existir uma estrutura que receba famílias e crianças, organizando “workshops” durante todo o ano, num plano de interpretação do produto “Penela” que possui dimensão de património histórico, natural e construído. É preciso uma nova ambição, projectos e acções concretas num plano estratégico e com melhor comunicação.
Se assim for feito, toda a economia local existente agradece, os investidores aparecerão e perceberão o potencial diferenciador do território e a política autárquica local fará mais sentido e permitirá também melhores políticas sociais.
Fica este contributo público porque é importante voltar a ter uma ambição, capacidade de execução e comunicar melhor depois de estruturar bem o que se pretende.
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