O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) alertou hoje para a possibilidade de a curto prazo existirem cerca de 400 mil utentes sem médico de família na região.
“Na semana passada expressámos a nossa preocupação por existirem 160 mil utentes na região Centro sem médico de família, mas o alerta é de que, a muito breve prazo, serão muito mais do que isso, porque existem neste momento 200 mil utentes seguidos por médicos de família com mais de 65 anos”, disse Carlos Cortes.
O dirigente, que falava numa conferência de imprensa de apresentação da Semana do Médico de Família, sublinhou que aqueles profissionais em breve “deixarão de dar apoio aos seus utentes e a região Centro terá um número muito importante de quase 400 mil utentes sem médico de família”.
Segundo Carlos Cortes, a região Centro tem actualmente uma carência na ordem dos 90 médicos, mas “muito brevemente, nos próximos anos, poderemos assistir a uma carência de mais de 300 médicos de família”.
“Uma das projecções às quais tivemos acesso é de 323 médicos necessários para suprir as necessidades dos utentes e de uma cobertura total de toda a região Centro”, revelou o presidente da SRCOM, lamentando que, perante um problema desta gravidade, o Ministério da Saúde não tenha um plano preparado.
De acordo com o médico, não existe, “pelo menos do conhecimento público e institucional, nenhum plano para fazer face a este gravíssimo problema”.
O dirigente considerou ainda que os médicos de medicina geral e familiar são também “vítimas de muitos outros problemas, um deles o excesso de burocratização dos cuidados de saúde primários” e a falta de reconhecimento do seu trabalho.
Aos jornalistas, Carlos Cortes adiantou que o problema do excesso de burocratização vai ser avaliado esta semana pela SRCOM, num curto estudo que está a desenvolver junto de todos os seus associados na região Centro.
O estudo pretende saber exactamente qual é o peso do trabalho administrativo não clínico dos médicos nas suas unidades.
“Grande parte do tempo, e vamos tentar perceber que parte do tempo médico, em vez de ser alocado aos seus utentes, ao trabalho junto dos doentes, é feito desnecessariamente em processos burocráticos que podiam ser tratados por outras pessoas”, denunciou.
Nos próximos dias, a SRCOM dinamiza a Semana do Médico de Família, sob o lema “Valorizar quem cuida de todos”, com visitas a centros de saúde da região e tertúlias online sobre assuntos de interesse para o sector.
Na quinta-feira, último dia da iniciativa, realiza-se um sarau no auditório municipal da Figueira da Foz, pelas 21h00, com intervenções dos presidentes da SRCOM, Carlos Cortes, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto, do médico Pedro Figueiredo e do presidente honorário da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Mário Moura.
LUSA
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