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Alvaiázere: Cortejo de oferendas a favor dos Bombeiros regressa às ruas da vila

22 de Maio 2022

O regresso do cortejo das oferendas a favor dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere, marcado para o último domingo deste mês (29), é o retorno de um evento que “este ano gostava que ficasse na memória como um dia em que toda a gente se deslocou à vila para este momento”, mas que não será “fácil por termos uma desertificação elevada”, admite o presidente daquela associação humanitária.

“Era uma festa da qual tenho muitas saudades e tenho pena que este ano não seja possível fazer uma réplica do que era antigamente, mas é de todo impossível. Os lugares estão desertificados, já não há pessoas e os que vão resistindo já todos têm idades avançadas. Seria lunático da minha parte dizer que iríamos fazer uma festa como aquelas que existiam há 20 ou 30 anos”, afirmou Joaquim Simões ao TERRAS DE SICÓ.

Após um período de interregno de dois anos devido à pandemia, que provocou “danos irreparáveis, porque havia investimentos orçamentados e que ficaram pendurados no tempo”, Joaquim Simões acredita que a tradição se manterá graças às “comissões que vão ao encontro das pessoas e que pedem para que estas colaborem connosco. Há aqui uma grande mobilização por parte das gentes de Alvaiázere com o objectivo de ajudarem os bombeiros”, assegura.

Esta mobilização, de que tanto o presidente dos Bombeiros de Alvaiázere tanto se orgulha, relembra-o dos primórdios da fundação da associação humanitária e de como as dificuldades das corporações têm subsistido ao logo do tempo.

“Como sabemos, os bombeiros só são importantes para os governos e entidades oficiais quando as coisas apertam e eles vão para a luta apagar fogos, mas em termos de saúde também, quando fazem as emergências”, critica, sublinhando que “só nestas alturas é que são lembrados porque no restante tempo, que se cuidem, que se governem e os apoios são muito poucos e na época da nossa fundação ainda menos eram”. O dirigente assume que houve muitas coisas que mudaram para melhor, mas “no quesito dos apoios aos bombeiros continuamos na mesma. O que vamos recebendo é pouco e insuficiente para poder prestar um serviço digno como as populações merecem”, frisa.

Apesar de reconhecer que “os governantes nos dão razão” não se coíbe de lhes apontar o dedo dizendo que “não basta dizer, há que fazer alguma coisa, nem que sejam contas para perceberem que com aquilo que nos é dado é impossível manter tudo operacional”. “Em última instância teremos de repensar a questão do transporte de doentes e deixar de acudir a todos os pedidos de assistência e ajuda que nos chegam”, afirma Joaquim Simões, defendendo que para que os bombeiros façam um bom trabalho é preciso serem-lhes dadas condições para isso.

“Temos alguns bombeiros profissionais a quem pagamos um pouco acima do salário mínimo nacional, mas durante muitos anos apenas recebiam o ordenado mínimo e sempre com muita dificuldade. O Estado paga-nos, em 2022, pelo serviço de transporte de doentes o mesmo que nos pagava em 2012, isto referente ao preço por quilómetro. Isto é inconcebível. Como é que conseguimos tirar rendimento desses pagamentos para manter as nossas viaturas em funcionamento?”, questiona o dirigente sem deixar de acrescentar que “agora que o tempo começou a aquecer já toda a gente coloca as mãos na cabeça e se começa a perguntar se os nossos bombeiros estão dotados de todo o equipamento para combater incêndios, e a verdade é que não estão, mas não se podem lembrar deles apenas nas horas de maior aperto”, regista.

Duas ambulâncias precisam-se

Quanto ao futuro da corporação e suas necessidades mais prementes, o líder da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere revela que pretendem apresentar uma candidatura a um subsídio, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), voltado para eficiência energética que lhes permitirá uma poupança efectiva na sua factura mensal, mas “como o prazo termina no final deste mês e não conseguiremos cumprir com as exigências feitas, não nos iremos candidatar agora e iremos aguardar pelo próximo aviso de abertura de subsídio para nos conseguirmos candidatar”, adianta Joaquim Simões.

“No imediato precisamos tratar da situação de duas ambulâncias que se encontram numa fase final de vida e onde já não se justifica investir dinheiro. Precisamos por isso de adquirir uma nova ambulância e fazer contas à vida para futuramente adquirir uma segunda, pois neste momento não nos é possível investir em dois veículos”, admite o líder da associação humanitária.

O cortejo de oferendas pode ajudar, uma vez mais, à resolução desta e de outras dificuldades da corporação…

Tarde de festa e solidariedade

A tarde do próximo dia 29 marca o regresso da solidariedade para com os Bombeiros às ruas da vila de Alvaiázere. O programa do tradicional Cortejo de Oferendas tem início pelas 15h00 com o desfile de fanfarras e da Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília, seguido do desfile motorizado e apeado dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere. Na animação do evento, pelas 16h00 actua o Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Povo de Maçãs de Dona Maria, às 17h00 realiza-se um concerto da Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília e uma hora depois actua o grupo Concertinas de Dornes. Durante a tarde decorrerá o leilão das ofertas angariadas no peditório.

 

RUTE AZEVEDO SANTOS

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]

 


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