A guerra na Ucrânia leva-nos inevitavelmente à mais profunda reflexão sobre a Humanidade, sobre os líderes que existem nalguns países cujo regime é uma espécie de democracia “dura” e sobre a Europa, este espaço territorial que, em pouco mais de 100 anos, teve duas guerras mundiais, vários conflitos regionais e, agora, uma invasão de um dos seus países, que já matou milhares de inocentes.
Sobre a Humanidade, as imagens que nos chegam são de uma crueldade atroz que nos faz reflectir que o “ser humano” pode ser capaz de tudo, em situações de limite. É impossível não nos emocionarmos e pensar que há pessoas como Putin e mais alguns dos seus beneplácitos que conseguem descansar quando são responsáveis por dezenas de milhares de mortes de jovens soldados russos e ucranianos, para além das milhares de baixas civis. Conseguir descansar sabendo que há famílias destroçadas, em nome de uma megalomania à volta de uma ideia perdida no tempo. Mas, também nos deve fazer reflectir sobre a necessidade do bloco europeu, a necessidade da União Europeia e da NATO, nas perspectivas económica, social e de segurança territorial. Se sobretudo entendemos a Europa como um espaço político, hoje, todos percebemos que a sua importância tem uma dimensão de segurança que só sabíamos dos livros de história.
Depois de uma pandemia que ainda dura, a invasão da Ucrânia pela Rússia, veio destapar debilidades de abastecimento energético assente em decisões políticas estratégicas pouco pensadas e dentro de uma lógica comodista. A inflação, que já mostrava sinais, mesmo antes desta invasão da Ucrânia, acentuou-se em praticamente todas as frentes do nosso quotidiano, obrigando à aceleração da decisão do BCE sobre o aumento das taxas de juro, o que obviamente terá mais consequências em países, empresas e famílias mais endividadas. Algum optimismo sobre o fim da pandemia ficou estacionado na falta de bom senso de um líder de uma potência nuclear e foi atropelado pela falta de estratégia económica da Europa.
O momento é de preocupação e foco no que se passa na Ucrânia, mas, esperamos todos que a União Europeia reflicta sobre como se poderá reindustrializar para além de criar valor em inovação, design, criação de marcas e desenvolvimento de produto. Precisamos construir uma Europa mais autónoma sem deixar de ser global, sendo que para isso é preciso discutir se queremos voltar a fazer tarefas menos valorizadas e dispensar algum conforto.
A geração dos que estão no último quarto da sua vida activa está a deixar aos seus filhos, a geração seguinte, uma “vida pior”. Esta quebra de melhoria de qualidade de vida que ia passando de geração em geração, foi interrompida porque não fomos capazes de tomar medidas reformistas que os protegessem. Por vezes, o que parece não é!
Espero que a coragem seja realmente a palavra-chave do Governo português ou, mais uma vez, estaremos a trabalhar para a espuma dos dias e ficaremos ainda pior.
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