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Figueira da Foz: Principais suspeitos de insolvência dolosa em parte incerta

8 de Março 2022

O Tribunal de Coimbra decidiu hoje proceder à separação de processos num caso de insolvência dolosa de uma empresa da Figueira da Foz, por o paradeiro dos dois principais arguidos ser desconhecido.

Avelar Coimbra, gerente de 62 anos, que foi administrador da Deltafish entre 2006 e 2010 e acusado de desviar 322 mil euros daquela empresa, e Gonçalo de Melo, gerente que assumiu a administração da sociedade em 2010 e que ter-se-á apropriado de cerca de 150 mil euros da firma, estão em parte incerta, notou hoje o colectivo de juízes, no início do julgamento.

Segundo o presidente do colectivo, o Tribunal de Coimbra tentou notificar os dois arguidos em Luanda (Angola) e São Paulo (Brasil), mas sem sucesso, tendo decidido avançar com a separação de processos, julgando apenas um empresário de Tondela, armador, acusado pelo Ministério Público de se ter apoderado de 100 mil euros da Deltafish.

Já o filho de Avelar Coimbra, Filipe Coimbra, que estava constituído como arguido, deixou de o ser já depois da fase de pronúncia, por o crime de que era acusado ter prescrito.

O Ministério Público considera que os arguidos ter-se-ão apropriado de cerca de 680 mil euros (quase metade terá sido para proveito de Avelar Coimbra), numa altura em que a empresa já apresentava dificuldades, tendo acabado por se declarar insolvente em 2012.

O advogado que representa o armador agora reformado, Jacob Simões, contestou a decisão de separação dos processos, por o próprio processo estar sobretudo assente na acusação contra os outros dois arguidos.

Aliás, parte das testemunhas hoje chamadas desconheciam Francisco Coimbra de Figueiredo e o próprio assumiu-se na primeira sessão como também uma vítima de Avelar Coimbra, primo dos seus pais.

“No meio disto tudo, fui apanhado na teia”, lamentou o arguido.

O arguido contou que decidiu, após proposta de Avelar Coimbra, investir 220 mil euros na Deltafish, adquirindo 50% do capital social da empresa, acreditando que estava a fazer “um bom negócio”, enquanto assegurava ao mesmo tempo a sobrevivência de uma empresa de congelação fundamental para o sector da pesca na Figueira da Foz.

Depois desse investimento, terá emprestado 100 mil euros para a Deltafish conseguir pagar salários aos trabalhadores e à Segurança Social.

Sobre o negócio de Avelar Coimbra de vender diversos bens e equipamentos à Gialmar II (empresa detida por seus familiares) em Outubro de 2011, num montante global de 485 mil euros, Francisco Figueiredo de Coimbra confirmou que recebeu 100 mil euros de um cheque da Gialmar II à Deltafish, mas que não esteve envolvido nesse negócio.

“Levantei o cheque e [Avelar Coimbra] disse-me que fez um negócio com o Gonçalo de Melo e que depois me dava o resto do dinheiro”, explicou, referindo que, até hoje, ainda não recebeu os 220 mil euros investidos na empresa.

“Eu apenas queria o meu dinheiro”, frisou.

LUSA


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