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Espetáculo quer normalizar a presença da mulher no Fado de Coimbra

2 de Março 2022

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No concerto de dia 11, Vânia Couto vai estar acompanhada pela Orquestra Trova do Tempo que Passa e vai também contar com a participação de outras duas vozes femininas – Inês Graça e Joana Gonçalves.

A proposta não passa por reinventar a Canção de Coimbra, antes apresentar “um espetáculo de Fado de Coimbra tradicional, mas com mulheres a cantar”, salientou a artista, que é a voz da banda conimbricense Pensão Flor.

“Já estou cá em Coimbra há mais de uma dezena de anos e, enquanto estudante, fiz alguns movimentos no sentido de incluir as mulheres no Fado. Fundei a Desconcertuna, da Faculdade de Psicologia, e, na altura, já queríamos cantar Fado de Coimbra. Houve todo um rebuliço, porque havia uma tuna que tinha duas raparigas que queriam cantar Fado de Coimbra e isso não poderia acontecer”, recordou.

O concerto, realizado no âmbito da Semana Cultural da Universidade de Coimbra, tem como objetivo apenas pôr vozes femininas a cantar Fado de Coimbra, num espetáculo que discorre sobre a história daquele género musical, apenas tocando “temas clássicos”, de nomes como Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso, Luís Goes ou António Marinheiro.

O espetáculo será entrecortado com testemunhos sobre o género musical e a sua evolução, dando também nota de mulheres que, no passado, cantaram o Fado de Coimbra, contou à Lusa Vânia Couto, recordando o caso de Amália Rodrigues, quando cantou aquele género numa Queima das Fitas e acabou “vaiada”.

“Eu sinto que, por vezes, há sempre um cheirinho a Fado de Lisboa [nas interpretações de mulheres] e aqui, o grande desafio, é pedir às mulheres para cantarem com os lirismos e ornamentos do Fado de Coimbra”, disse.

No concerto, a orquestra, dirigida pelo maestro Guga Lopes e composta por um violoncelo, um violino e uma viola baixo, servirá como um complemento, aparecendo ao longo do espetáculo, tal como as convidadas.

“O espetáculo vai crescendo, tanto em número de pessoas como de histórias”, acrescentou.

Para Vânia Couto, há “ainda muitos passos para dar” no sentido de uma maior presença das mulheres na Canção de Coimbra, vista por setores mais conservadores como uma quebra com a tradição do género.

“Existe alguma mulher a cantar Fado de Coimbra numa escola de fados? Não existe ou existem poucas. Pode não haver vontade, mas não há muito espaço para isso acontecer. Há um trabalho a fazer, quer dos novos, quer dos antigos, que sentem estranheza ao ouvir cantar o Fado de Coimbra por mulheres”, salientou.

O preço do bilhete custa 8,5 euros e pode ser comprado na plataforma BOL.

LUSA


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