Um Gabinete de Apoio ao Bombeiro é a mais recente aposta dos Bombeiros Voluntários de Penela tendo em vista um “atendimento técnico, individualizado e confidencial, com objectivos definidos”, onde os elementos daquela corporação possam recorrer.

“Já sentíamos essa necessidade, pois a estrutura tem um número de funcionários significativo, está tudo cada vez mais complexo porque há menos disponibilidade, menos pessoas para o voluntariado, e o que acabamos por sentir é que muitas vezes não conseguimos acompanhar toda a gente. Se queremos manter as pessoas motivadas, comprometidas, envolvidas e que se sintam acarinhadas era preciso dar este passo”, justifica ao TERRAS DE SICÓ o comandante António Lima.

A associação humanitária reconhece assim a necessidade e a importância da criação de um gabinete de apoio com a missão da gestão estratégica do património humano, promovendo a coesão e o bem-estar, apoiando as pessoas numa dimensão interdisciplinar e integrada. E contribuir para a prevenção, redução ou resolução de situações de vulnerabilidade, sejam de carácter económico, social, cultural, pessoal, profissional ou familiar.

Os objectivos do gabinete, liderado pelo alemão radicado naquele concelho, Michael Georg Görne “Micha”, estão bem definidos: desenvolvimento transversal do colaborador, voluntário ou profissional, nas vertentes dos saberes ser, estar, pensar, sentir e agir; reforço do desenvolvimento de equipas, fomentando relações de confiança, compromisso e credibilidade; promoção da interiorização da cultura da instituição – missão e valores organizacionais; e consolidação do prestígio e imagem dos Bombeiros de Penela.

“Dizer que são bombeiros apenas desde que entram a porta do quartel e o que se passa lá fora na vida deles não interessa, não é assim”, adverte António Lima, traçando um quadro de semelhança com o que se passa nas empresas. “Se as pessoas não estiverem bem na sua vida pessoal, depois também não estarão bem dentro das organizações”, afirma.

Valorização do património humano

De acordo com a corporação, os operacionais que recorrem ao Gabinete de Apoio ao Bombeiro podem esperar acolhimento e integração; apoio na conciliação da vida profissional e pessoal; aconselhamento nos objectivos individuais; obter esclarecimentos sobre assuntos do seu interesse e competência; ser acolhidos, escutados e respeitados na sua individualidade e situação; ser apoiados na apresentação de sugestões ou pedidos de esclarecimento; ter apoio na identificação de soluções, face a problemas de ordem pessoal, social ou económica; apoio psicológico; ser informados/encaminhados para outros serviços; existem protocolos com empresas para oferecerem condições especiais de acesso aos seus produtos e serviços para os colaboradores; e assinalando momentos especiais, por exemplo, oferecer um kit bebé a todos os recém-nascidos filhos de bombeiros.

“Havia necessidade de termos alguém que estivesse muito mais próximo das pessoas e pudesse dar uma colaboração transversal. É importante fazermos este acompanhamento”, reforça o comandante.

Para a corporação, o principal propósito da ideia é a valorização do património humano da instituição que, inclusive, se estende aos que se encontram já em situação de reforma e que já deram o seu “valioso contributo” aos Bombeiros Penela.
O corpo de bombeiros conta com cerca de uma centena de operacionais, perto de 40 com vínculo profissional.

Michael Georg Görne, que em Outubro do ano passado assumiu na associação humanitária as funções profissionais de consultor para os recursos humanos, é o responsável pelo gabinete.

Alemão, de 58 anos, a viver em Penela, casado e pai de três filhos, um deles bombeiro naquela corporação, “Micha”, como é conhecido, é licenciado em Teologia com pós-formação no âmbito de psicologia, pedagogia, organização e liderança.

Como experiência profissional, conta quase três décadas como professor e formador de jovens e de adultos em escolas na Alemanha e Portugal; coordenação pastoral dos colégios jesuítas em Portugal e formador do Instituto de Emprego e Formação Profissional. Fundou e orientou, como voluntário, movimentos e grupos juvenis e de idosos. Coordenou a Associação SOGA, uma ONG que se dedica ao combate de pobreza extrema na Guiné-Bissau e à sensibilização para a solidariedade e o voluntariado em Portugal. Possui ainda formação em diversas áreas de consultoria.

“O Micha já colaborava com os Bombeiros no âmbito das nossas parcerias com o estrangeiro, ficou disponível profissionalmente e achámos que seria uma boa aposta, juntando assim o útil ao agradável”, salienta António Lima.

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]