A paixão por bicicletas surge depois de uma viagem a Compostela (Espanha), que tinha tudo para dar errado. Afinal, aconteceu em boa hora e culminou com Nádia Mendes a sagrar-se campeã nacional de ciclocrosse, na categoria Masters 30, modalidade do ciclismo disputada, geralmente, no Inverno e Outono, onde as provas consistem em realizar várias voltas num circuito de dois a cinco quilómetros, em terreno complicado, com galhos, areia, lama e grama.
“Antes de começarmos a trabalhar, eu e uma amiga, decidimos que queríamos viver uma aventura. Então pensamos percorrer Portugal de norte a sul de bicicleta. Só que depois em conversa com uns colegas, decidimos ir fazer os Caminhos de Santiago, neste caso de Guimarães a Santiago de Compostela. Fui eu, essa minha amiga e o meu irmão. Não percebíamos nada de bicicletas. Eu tinha uma Shimano de 16 kg sem pedais de encaixe e nem capacete tinha, teve de ser essa minha amiga a emprestar-me um e lá seguimos em direcção à nossa aventura”, confessando que o seu desconhecimento era tal que decidiram fazer a viagem sem qualquer bomba de ar ou até mesmo câmara-de-ar suplente, levando a que o seu irmão percorresse cinco quilómetros a pé depois de um furo.
Mas este episódio que agora descreve como tendo sido uma grande aventura, acabou por se tornar o momento impulsionador para a sua jornada no mundo do ciclismo.
“A primeira prova que fiz foi no Louriçal e foi organizada pelos Lama Solta. Recordo-me que na altura um senhor me disse que eu ainda tinha muito que aprender”, contou ao TERRAS DE SICÓ a atleta, assumindo que na altura ficou intrigada com o comentário até porque havia acabado de vencer a prova. Os anos passaram e reconhece que, de facto, o homem tinha razão.
Tudo isto começou em 2014, época em que se dedicou de forma mais “profissional” e começou a ser acompanhada por Pedro Carvalho, treinador até hoje e que a ajuda na preparação para as provas.
“Faço uma média de cinco a seis treinos por semana, o que se traduz numas 10 a 15 horas. Não são treinos muito longos mas são treinos muito estruturados e focados. Faço testes para que o treinador perceba o que pode e deve ser melhorado na minha performance, mas isto não é nada se eu não complementar com a devida alimentação e descanso”, explica a atleta.
Apesar de se dedicar de forma profissional aos treinos, Nádia é gestora em Leiria e tem a seu cargo uma equipa de 14 pessoas, mas nem isso a tem impedido de em quase oito anos dedicados ao mundo das bicicletas ter já conquistado 13 camisolas: duas em provas de ciclocrosse, três em provas de estrada, duas em provas de contra-relógio, duas em provas de XCO (Cross Country Olímpico), uma em prova de maratona e três em provas de pista coberta.
“Aos meus olhos, todas estas minhas conquistas, são um grande feito quando comparado com atletas de elite que se dedicam a isto exclusivamente. Então sim, estas 13 camisolas são já muita coisa”, reconhece Nádia Mendes, apostada em que as conquistas não fiquem por aqui.
RUTE AZEVEDO SANTOS
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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