A Associação Quinta das Pontes – Comunidade Sócio-Terapêutica, sediada no Espinhal, vai abrir, em breve, em Penela, uma residência de treino de autonomia, uma das tipologias de resposta no âmbito dos cuidados continuados integrados de saúde mental.

A nova valência da instituição irá acolher uma dúzia de utentes, numa vivenda adquirida para o efeito nas proximidades das piscinas e do parque desportivo municipal da vila.

“Iniciámos em 2017 um projecto-piloto com uma residência de apoio moderado, também no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, e depois fomos desafiados para uma candidatura a uma Residência de Treino de Autonomia, que acabou por ser bem-sucedida e temos a resposta pronta para se iniciar”, conta ao TERRAS DE SICÓ Ana Catarina Pereira, presidente daquela Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).

A residência de treino de autonomia é uma unidade localizada preferencialmente na comunidade, destinada a desenvolver programas de reabilitação psicossocial para pessoas com moderado e reduzido grau de incapacidade psicossocial, estabilizadas clinicamente e que conservam alguma funcionalidade. Tem por finalidade a reintegração social e familiar das pessoas com incapacidade psicossocial, preparando-as para o regresso ao domicílio ou, em caso de ausência de suporte familiar ou social adequado, para a admissão em outras unidades e equipas.

O novo imóvel, “inserido na comunidade” e próximo do centro da vila, tem seis quartos duplos, piscina e amplos espaços exteriores, “onde podem ser desenvolvidas bastantes actividades, no âmbito da agricultura e jardinagem, por exemplo”.

“É muito mais fácil para fazer a integração dos utentes se for num ambiente o mais familiar possível”, explica a dirigente.

A permanência de cada utente na residência de treino de autonomia tem uma duração máxima de 12 meses consecutivos, “num processo de reabilitação, com um plano definido por uma equipa técnica”.

Ana Catarina Pereira congratula-se por a associação que dirige conseguir também começar a dar resposta numa nova valência. “Temos sempre por base a nossa missão, que é ajudar e apoiar as pessoas que precisam”, afirma, sublinhando a existência de “poucas instituições a nível nacional a trabalhar com a doença mental na vertente da inserção comunitária, evitando internamentos em unidades psiquiátricas e treinando para a vivência na sociedade”.

O novo projecto da Associação Quinta das Pontes terá financiamento total assegurado pelos ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Saúde, através do Instituto da Segurança Social e Administração Regional de Saúde do Centro, num valor a rondar os 500.000 euros e vai permitir criar sete novos postos de trabalho.

O contrato assinado entre as partes, no passado dia 27 de Dezembro, tem a duração de três anos, findos os quais será feita uma avaliação ao projecto e à sua continuidade.

Alargar CACI

A Associação Quinta das Pontes já presta serviço a duas dezenas e meia de utentes, sendo 12 no lar residencial, oito na residência de apoio moderado e cinco na residência autónoma, a que agora irão acrescer mais 12 na residência de treino de autonomia.

Muitos destes utentes frequentam também o Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão (CACI), que pela legislação veio substituir o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO).

A instituição espinhalense projecta já um novo espaço que permita aumentar a capacidade desta valência social e, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, vai avançar com uma candidatura a financiamento, que a ser aprovada possibilitará alargar a resposta a três dezenas de utentes, o dobro da situação actual, adianta Ana Catarina Pereira.

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]