Álvaro Pinto Simões deve deixar esta sexta-feira (21) a presidência da Associação Casa do Povo de Maçãs de Dona Maria, ao fim de 34 anos de liderança da instituição.
Para hoje estão marcadas as eleições (apenas) para a direcção da associação, após o pedido de demissão do dirigente, que solidariamente arrastou também a saída dos restantes membros daquele órgão.
O cansaço provocado pela pandemia esteve na base da decisão de Álvaro Pinto Simões. “Estou cansado. Sou presidente da direcção há 34 anos, quando me candidatei há dois anos as coisas estavam calmas como sempre estiveram nos mandatos anteriores, mas a pandemia transformou completamente toda a situação, alterou todo o processo de trabalho que tínhamos. Foram dois anos muito cansativos e acho que nesta altura é necessário sangue novo para a instituição continuar a crescer e para ter o desenvolvimento que tem tido até agora”, justifica ao TERRAS DE SICÓ o histórico dirigente para a saída a meio do mandato.
Com a situação “mais calma”, Pinto Simões entende “ser melhor” avançar para a substituição. “Já tenho 77 anos e é altura de haver uma ‘transfusão de sangue´ novo”, reforça.
O antigo presidente da Câmara de Alvaiázere afirma sair com “consciência totalmente tranquila e o dever cumprido”. “Dei tudo àquela casa e foi durante as minhas direcções que aconteceu toda a evolução da instituição. Começámos com 14 utentes no apoio domiciliário e hoje temos 75 utentes internados em lar, 63 no apoio domiciliário e 20 no centro de convívio. Temos sete ambulâncias de transporte de doentes, a cantina social, construímos dois novos lares, coordenamos a distribuição de cabazes a pessoas necessitadas, empregamos 80 trabalhadores e movimentamos anualmente um milhão e meio de euros”, enumera para espelhar a dimensão do trabalho realizado em três décadas.
Manter equilíbrio financeiro
Várias intervenções de requalificação e reabilitação foram realizadas nos últimos anos nos edifícios e serviços da Associação Casa do Povo de Maçãs de Dona Maria, apoiadas financeiramente por fundos comunitários, estando outras candidaturas à espera de aprovação.
Entre elas, a criação de uma unidade de cuidados continuados, cujo terreno para a construção já a instituição já adquiriu. “É mais uma valência que pretendemos, criando mais postos de trabalho e servindo melhor a freguesia e o concelho”, realça Álvaro Pinto Simões.
Na hora da saída, o dirigente sustenta a necessidade de no futuro a associação “manter o equilíbrio financeiro”. “Temos uma vida financeira perfeitamente estável, não devemos nada a ninguém e não temos grandes dificuldades financeiras. É, por isso, importante manter o equilíbrio financeiro forte porque ele é a base de todo o progresso da instituição. Se não tivéssemos uma parte financeira equilibrada e estável não poderíamos ter avançado com as obras que realizámos, porque é preciso primeiro pagá-las e só depois somos reembolsados com os fundos aprovados nas candidaturas”.
Álvaro Pinto Simões promete apoio aos futuros dirigentes para “qualquer eventualidade”. “Sou maçanense, não saio daqui e estou pronto a colaborar, mas não pode ser com este espírito diário, de horas e dias na instituição com todos estes problemas”, refere.
Vida menos agitada
Há dois anos, na rubrica Vidas Contadas, o TERRAS DE SICÓ traçou o perfil do “Dr. Varito”, como sempre será conhecido em Alvaiázere e arredores. Nasceu em 1944 na sua sempre Maçãs de Dona Maria, no seio de uma família modesta. Filho de uma professora do ensino primário e de um comerciante, cedo deixou o concelho alvaiazerense para prosseguir os seus estudos. Primeiro em Ansião, depois em Coimbra e mais tarde em Lisboa, onde se formou em Direito após ter cumprido o serviço militar. Em 1985, regressa da capital a Alvaiázere para se candidatar pelo PSD à presidência da câmara municipal, que liderou durante duas décadas, até 2005. Em Outubro do ano passado deixou o comando da Assembleia Municipal, que lhe pertenceu nos últimos 16 anos. Agora deixa de estar à frente da Associação Casa do Povo de Maçãs de Dona Maria. Parado garante que não ficará, nem isso está no seu ADN, mas quer uma vida menos agitada. Continua nos órgãos directivos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Pinhal Interior e tem a sua agricultura que não abandona. “E preciso de conviver mais com a minha família, o que durante muitos anos não tive possibilidade de fazer com regularidade atendendo às minhas actividades profissionais”, lembra o histórico autarca e dirigente associativo, a tencionar ainda passar “mais algum tempo” no algarvio Aljezur, terra da esposa, onde já se desloca com frequência nos meses de veraneio e onde tem muitos amigos.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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