28 de Março de 2024 | Quinzenário Regional | Diário Online
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Paulo Júlio

Será desta?

3 de Dezembro 2021

Quase a chegar ao fim de 2021. Para o território, as eleições autárquicas foram o facto mais importante. Na região de Sicó, o Partido Socialista lidera quatro municípios – Ansião, Condeixa, Penela e Soure – e o Partido Social Democrata comanda em Pombal e Alvaiázere. A maior surpresa das eleições foi a vitória do PS em Penela, pela primeira vez desde 1976, ano das primeiras autárquicas. A mudança e os ciclos políticos fazem bem ao território, independentemente de partidos, levantando as expectativas sobre o desenvolvimento e aumentando o nível de responsabilidade sobre os eleitos. Em Portugal, depois de um início de ano comprometido pela pandemia, percebemos que, apesar da vacinação, o final do ano deverá merecer vários cuidados adicionais para que o Inverno possa ser o mais normal possível. Inverno esse que vem acompanhado de eleições legislativas depois do chumbo do Orçamento de Estado e do fim de um ciclo político que se iniciou em 2016, quando o PS, apesar de ter perdido as eleições, pela primeira vez na história da nossa democracia, se aliou aos partidos de esquerda para obter a necessária maioria parlamentar que lhe permitiu governar.

Durou cinco anos, o que foi denominado de gerigonça. Cinco anos em que Portugal pouco cresceu, tendo sido mesmo ultrapassado no indicador de produção de riqueza per capita, por vários países do leste europeu. A gerigonça entrou em auto-destruição, desde há um par de anos, quando os interesses da tripeça começaram a divergir e as máquinas partidárias se impuseram aos respectivos directórios.

Caiu o Governo e, no final de Janeiro próximo, Portugal irá a eleições, tendo como pano de fundo uma década que terá de ser mesmo de crescimento económico mais acelerado, sob pena de estragarmos mais uma oportunidade. A União Europeia criou mais suportes financeiros aditivados e que se juntam ao quadro europeu Portugal 2030, pelo que a responsabilidade política e a responsabilidade dos actores económicos é colocada à prova. Ou não, e teremos graves problemas para enfrentar porque o Mundo tem vários desafios, para além de vencer (de vez) a pandemia. A China que enfrenta uma enorme bolha imobiliária vai crescer menos – a previsão para os próximos anos coloca níveis de crescimento entre 4 a 6%, o que é muito menos do que o que se passou nas últimas décadas. Os Estados Unidos, também na tentativa de criar um novo ciclo político, com Biden, fazem agora alianças estratégicas com o Reino Unido e com a Austrália, deixando a Europa de lado. O Médio Oriente, apesar de todos os seus problemas políticos, apesar da sua cultura e até radicalização de alguns hábitos religiosos, vai-se impondo e abrindo-se ao mundo, demonstrando várias dinâmicas que nada se comparam a reinante burocracia europeia. A Europa tem realmente um regime político e social de elevado suporte quando compara com quase todas as geografias do mundo, mas é preciso reflectir estrategicamente sobre o valor do trabalho, sobre o seu futuro industrial, se não queremos ficar para trás de outros blocos, dentro de poucas décadas. A Europa está envelhecida e o actual sistema económico e social de referência pode correr perigo.

Mas, voltando a Portugal, realmente não podemos falhar mais uma década. Precisamos de um governo que governe e que não esteja condicionado por interesses corporativos. Não sei se será possível, mas sei quem é que nunca liderará com coragem de reformar. Termos um Estado mais eficiente e que liberte mais recursos para a sociedade, ou, dito de outra forma, que nos permita pagar menos impostos directos e indirectos, é crucial para que possamos crescer. Para isso, o comodismo tem de ser substituído por algum risco, trabalho e rigor. 2022 começará com eleições e com a definição prévia do que se poderá esperar da próxima década. Só pode haver uma prioridade. Portugal tem de crescer sempre e a cada ano, mais de 3/4% ou, definitivamente, seremos só um jardim à beira-mar plantado.


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