Surgiu como Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Cidadão Inadaptados de Pombal numa altura em que “em que as crianças com deficiência não eram acolhidas nas escolas, num tempo em que não havia lugar para elas” e hoje, passados 42 anos da sua fundação, reajustou o nome aos tempos que correm e passou a chamar-se de Cooperativa de Educação, Reabilitação, Capacitação e Inclusão de Pombal (CERCIPOM), depois de em 2010 deixar de ser considerada escola de ensino especial pelo desafio da inclusão das crianças com incapacidade em ensino normal.
E é nesse propósito de capacitação para a inclusão que a instituição pretende abrir futuramente uma residência autónoma para cinco utentes.
“Saiu agora um aviso de candidatura para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e é, sem dúvida, um leque de oportunidades que não podemos desperdiçar, mas para o imediato achamos ser possível avançar com uma residência autónoma, que é um dos nossos grandes desejos e de alguns dos nossos utentes que têm mais autonomia. O objectivo é proporcionar-lhes uma residência, para no máximo cinco pessoas, onde terão autonomia para cuidar deles e da casa mas sempre com apoio e orientação por parte de uma auxiliar”, explicou Preciosa Santos, directora-geral da CERCIPOM, ao TERRAS DE SICÓ, acrescentando que “já tivemos vontade de concorrer mas tínhamos de ter um edifício nosso e isso financeiramente não nos era possível. Agora com o PRR, já nos é exequível construir ou adquirir um imóvel para o efeito e de seguida esperamos que a Segurança Social faça o acordo de funcionamento”.
Actualmente tem em actividade dois lares e dois Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão (CACI), na Guia e Pombal, respectivamente; um centro de formação e inclusão socioprofissional, que ganhou novas instalações na zona industrial da Formiga, em Pombal; uma equipa de intervenção precoce, que apoia crianças e famílias até aos 6 anos; um centro de recursos para a inclusão, que apoia alunos em idade escolar com necessidades educativas especiais; um centro de recursos terapêuticos e uma piscina.
Embora a residência autónoma seja um dos próximos objectivos, a par da renovação da frota automóvel que se encontra algo deteriorada, a CERCI Pombal pensa ainda em ampliar fisicamente a sua presença em outras zonas do concelho, de forma a conseguir alocar mais utentes nas suas estruturas residenciais dando assim resposta aos muitos pedidos de ajuda que chegam de norte a sul do país.
“Não conseguimos dar resposta a todos os pedidos que nos chegam, principalmente os pedidos dirigidos aos lares. Ainda que agora se fale da desinstitucionalização, que esse é o futuro, a verdade é que nem sempre é possível, até porque temos casos de utentes em que não há família para lhes dar apoio ou porque as próprias necessidades de apoio são superiores à capacidade de resposta da própria família, e neste caso a institucionalização é o melhor que lhes pode acontecer”, justifica Preciosa Santos.
Porém, a instituição não se encontra apenas focada em criar novas estruturas residenciais, mas também em alargar o leque de apoio tendo avançado com o projecto Capacitar para a Inclusão que é “voltado para pessoas com doença mental, uma outra problemática que não tem resposta porque tentamos nos centros de formação de emprego e não é fácil a maioria deles ter emprego, porque se não tiverem uma boa base familiar não conseguem cumprir os horários de trabalho”, salienta a dirigente, apostada em conseguir “ter uma resposta estruturada, que cresça e se consolide”. Para tal é necessário o apoio do ministério da Saúde.
Rute Azevedo Santos
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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