Penela virou. O PS derrubou o bastião social-democrata que em 45 anos de poder local democrático sempre fora social-democrata.
A grande surpresa da noite do passado domingo (26) nas Terras de Sicó estava guardada para o município com menor número de eleitores. Cedo a contagem dos votos começou a indiciar uma mudança de ciclo que veio a confirmar-se… e de que maneira.
O PS, que há quatro anos não conseguiu mais do que 881 votos, chegou agora a 1.846. Recuperar cerca de 1.000 votos quando às urnas foram pouco mais de 3.200 eleitores é o maior sinal do enorme feito socialista.
À cabeça, um nome: Eduardo Santos. O gestor hoteleiro que há oito anos desafiara Luís Matias e ficara a menos de 400 votos de um histórico triunfo, alcançou-o agora.
“Este resultado demonstra claramente que os penelenses sentiam uma grande vontade de mudar, porque entendiam que o nosso projecto e a nossa equipa lhes davam garantias, e decidiram apostar na mudança em toda a linha”, referiu o presidente eleito ao TERRAS DE SICÓ, por entre inúmeras mensagens de felicitações.
Eduardo Santos, de 45 anos, admite que sentiu “há muito tempo” que poderia conquistar a câmara e que “havia espaço para trabalhar o programa e as propostas” num “caminho exigente” e nada fácil.
“Tenho a noção de que esta vitória é um marco histórico, mas também tenho a noção de que o nosso compromisso eleitoral tem um conjunto de propostas muito positivas, que não são propostas avulso, mas com objectivos, como reter pessoas, procurar acrescentar pessoas ao território e aumentar o orgulho em ser penelense”, enumera o socialista.
O presidente eleito salienta a pretensão em “centrar as políticas nas pessoas e procurar colocar as pessoas em primeiro. E as pessoas todas”, frisa.
“Queremos resolver aqueles que são os três ou quatro maiores problemas do concelho e que a câmara assobiava para o lado, fazendo de conta que eles não existiam. O nosso programa eleitoral é um conjunto de compromissos e vamos começar por ir resolvendo os maiores problemas para depois, de acordo com as possibilidades, ir resolvendo todos os outros”, afirma o futuro autarca socialista, apostado em “meter mãos à obra e fazer Penela mudar para melhor”.
Para Eduardo Santos, trata-se de “um programa exigente, desafiador, que foi construído tendo em conta aquilo que eram os dados financeiros a que tínhamos acesso no momento”. “Infelizmente, desde que entrámos em período eleitoral o executivo [PSD] decidiu fazer muitas adjudicações que poderão vir a condicionar de alguma forma a execução mais rápida do nosso programa”, alerta.
“Acreditamos em nós, acreditamos na equipa que construímos, acreditamos muito na nossa visão para o território”, realça o presidente eleito, não escondendo que gostaria de estar à frente do município os 12 anos que a lei permite. “Não vejo Penela como um trampolim para outro lado”, assegura.
Seoane ‘pagou a factura’
A vitória socialista deixou incrédulas as hostes social-democratas, que apostavam no vice-presidente Rui Seoane para suceder a Luís Matias. O médico dentista acabou por ‘pagar a factura’ de um mandato menos conseguido e obteve o pior resultado autárquico de sempre do PSD em Penela.
A viragem à esquerda contemplou também a Assembleia Municipal, com obtenção da maioria absoluta que dará a liderança daquele órgão autárquico ao ‘histórico’ Mendes Lopes.
A vontade de mudança dos penelenses, aliás, ficou bem patente na boa afluência à urnas, com um registo de abstenção de apenas 31%, uma das mais baixas no país.
A hecatombe social-democrata em Penela apenas foi atenuada com a conquista da Junta de Freguesia do Espinhal, graças à reeleição de Luís Dias, que desta vez encabeçou a lista do PSD, depois de em 2017 ter concorrido num movimento independente. A freguesia de Podentes também manteve a liderança laranja, com Anabela Santos a conservar a presidência por… nove votos!
Maria Marmé (PS) obteve uma vitória expressiva na União de Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal, assegurando a reeleição para um segundo mandato, enquanto a Cumeeira – terra de António Arnaut – manteve a costela socialista, elegendo Pedro Alves como sucessor de Fernando Calado.
– Eduardo Santos (PS)
– Edite Simões (PS)
– Luís Balão (PS)
– Rui Seoane (PSD)
– José Subtil (PSD)
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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