23 de Janeiro de 2025 | Quinzenário Regional | Diário Online
PUBLICIDADE

BELMIRO MOITA/JOÃO VIAIS

O PIB é um indicador muito limitado?

7 de Maio 2021

Importa aqui começar por identificar o que se entende por Produto Interno Bruto (PIB) como sendo a soma (dada pelo valor monetário) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada zona (seja um país, cidade, ou outro), durante um certo lapso de tempo (mês, trimestre, semestre, ano ou outro), sendo o ano o mais referenciado.

Na quantificação do PIB, considera-se, apenas, os bens e serviços finais, sendo, por isso, excluídos dessa aritmética todos os bens de consumo intermediários procurando-se, assim, evitar o problema da dupla contagem (valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB).

Deste modo, esse bens e serviços finais que fazem parte  do PIB são medidos pelo preço que o consumidor paga por eles, pelo que contabilizam, também, os impostos sobre os produtos comercializados.

Pelo que se refere, o PIB não é o total da riqueza existente num país.

Na verdade, o PIB é um indicador dos bens e serviços finais produzidos durante um período.

Assim, se um país não produzir nada, por exemplo, num ano, o seu PIB será nulo.

Como se vê e apesar do PIB ser o principal indicador de medida da riqueza de um país, há muitas outras dimensões de bem-estar humano que não são, ainda, consideradas no seu cálculo.

Porém, esta realidade tem sido discutida desde há muitos anos, embora sem resultados palpáveis, sendo Robert Kennedy o primeiro político mundial a dar-se conta do problema, num discurso em 18 de Março de 1968, em plena campanha eleitoral americana, ao afirmar: “O PIB considera nos seus cálculos a poluição do ar, a publicidade ao tabaco e as ambulâncias que circulam para socorrer os feridos nas auto-estradas. Contabiliza as fechaduras que instalamos em nossas casas e as prisões para onde mandamos quem as consegue arrombar. Regista a destruição das florestas de sequoias e a substituição por uma urbanização descontrolada e caótica. Inclui a produção de napalm, armas nucleares e veículos blindados usados ela polícia para reprimir a desordem urbana. Regista as armas brancas e de fogo, e os programas de televisão que glorificam a violência para vender brinquedos às crianças. Porém, o PIB não considera a saúde dos nossos filhos, a qualidade da sua educação ou a alegria das suas brincadeiras. Não mede a beleza da nossa poesia e a solidez dos matrimónios. Não se preocupa em avaliar a qualidade dos debates políticos e a integridade dos nossos representantes. Não considera a nossa coragem, sabedoria e cultura. Nada diz sobre a nossa compaixão e a dedicação ao nosso país. Em suma, o PIB mede tudo, menos o que faz a vida valer a pena”.

Pelo que se diz e pelas palavras de Robert Kennedy, na nossa opinião, não só o PIB terá de evoluir de forma a poder acolher e contabilizar outras medidas como, se o discurso fosse feito hoje, não seria muito diferente, em virtude de o bem-estar das populações não ser, ainda, infelizmente, encarado como objectivo de medida do PIB em qualquer parte do Mundo.


  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

Todos os direitos reservados Grupo Media Centro

Rua Adriano Lucas, 216 - Armazém D Eiras - Coimbra 3020-430 Coimbra

Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox

Powered by DIGITAL RM