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Seis municípios do Centro assinaram entendimento para criar Geopark Atlântico

22 de Abril 2021

Seis municípios da região Centro assinaram, no Cabo Mondego, Figueira da Foz, um memorando de entendimento que visa levar à criação do Geopark Atlântico, um trabalho que poderá levar uma década a estar concluído.

“O que está aqui é o princípio de muito trabalho, um processo de uma década. Temos um património geológico de relevo internacional, temos recursos já instalados nos diversos municípios (…) temos as pessoas e temos uma riqueza cultural e gastronómica que nos permite pôr tudo num quadro de referência que é o Geopark”, disse hoje Mário Fidalgo, da associação de desenvolvimento local Adelo, que coordena o processo com os municípios da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira e Penacova (Coimbra) e Mealhada (Aveiro).

“Um Geopark não é um parque de diversões fechado, que tenha uma cancela e uma entrada ou uma saída. Não, é um território e coesão territorial é isto”, frisou Mário Fidalgo, explicando que o nome do Geopark Atlântico “é provisório” no processo de candidatura à UNESCO mas também é “agregador”.

“A nossa área de intervenção é um triângulo com 50 quilómetros de costa atlântica”, observou.

Intervindo na sessão, a directora do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, Helena Henriques, defendeu que “se há conceito que converge com o de coesão territorial, é o conceito de Geopark.

“Para ser reconhecido tem de obedecer a muitos requisitos, o selo UNESCO é muito valioso, desde logo tem de ter património geológico de relevância internacional”, afirmou.

“E têm de ser locais que demonstrem com clareza a outras pessoas, que não apenas aos geólogos, pedaços da história da Terra. É muito feliz a circunstância do nosso país, quando fazemos a secção Este-Oeste, conseguimos percorrer 500 milhões da história da Terra. Isto é extraordinário para um território tão pequeno, é raro”, notou a geóloga.

Sobre o memorando de entendimento assinado hoje, Helena Henriques lembrou que “está tudo por fazer em termos de candidatura” ao selo da UNESCO, processo que pode demorar quatro anos.

“E a candidatura tem de emergir da vontade local, há 30 anos que ando a dizer que isto é espectacular e ninguém me leva a sério. Têm de ser as comunidades locais a entenderem que a sua identidade cultural está totalmente enraizada no terreno que pisam”, afirmou a especialista.

Helena Henriques considerou que os requisitos do Geopark Atlântico “em termos de património geológico estão todos cumpridos e sem isso não há candidatura. Agora é preciso tudo o resto, é pegar nos locais com interesse geológico, identificá-los, avaliá-los, preservá-los e valorizá-los”.

“E é preciso um bom ‘website’, são precisos programas educativos, é preciso aquilo que todo o geoturista gosta, gosta de ver as pedras mas gosta de comer bem”, brincou.

Sobre o Cabo Mondego, monumento natural que considerou uma “pérola”, notou, no entanto, que apesar de estar “na escala de preservação mais alta, é nacional e por isso é que está abandonado”.

“A protecção da Natureza desenraizada da comunidade não resulta. Tem de ser feita com as pessoas. E um Geopark não é apenas sobre geologia, é sobre geologia e as pessoas que habitam esse território e esse trabalho começa agora”, declarou.

O presidente da autarquia da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, destacou o espaço “ímpar” do Cabo Mondego, em termos geológicos e paisagísticos, definindo-o como “uma das conquistas mais importantes para o concelho nestes últimos anos”, depois do tribunal ali definir a zona de domínio público em que se situa.

“As rochas da região são bem expostas ao longo da costa, o património arqueológico e cultural e a biodiversidade enriquecem a região, tornando-a numa sala de aula global. É um catálogo vivo”, expressou Carlos Monteiro.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, encerrou a sessão, lembrando que a Figueira da Foz “iniciou o processo [do Geopark] e depois soube fazer o abraço ao território, abraçou os seus vizinhos neste projecto”.

“Em conjunto podemos não ir mais rápido, mas chegamos a melhor porto. É um compromisso muito sério, obriga a região a trabalhar em conjunto. Mas nunca será uma verdadeira candidatura se as gentes desta região não a assumirem como dela”, alertou Ana Abrunhosa.

Segundo Ana Abrunhosa, dos 127 Geoparks reconhecidos em 35 países, cinco são em Portugal: Naturtejo, Arouca, Terra de Cavaleiros, Estrela e Açores “são todos muito diferentes mas são todos especiais. O que os une é o desenvolvimento sustentável que envolve as comunidades e a conservação e protecção dos valores naturais da região, sempre vividos”, sublinhou.

LUSA


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