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Coimbra: Adolescentes com traços de frieza emocional demonstram sinais de psicopatia

8 de Abril 2021

Jovens com elevados níveis de frieza emocional evidenciam “baixos níveis de culpa sobre a possibilidade de cometerem actos imorais” e têm dificuldade em “julgar uma acção imoral como errada, indicando sinais psicopáticos”, revela um estudo hoje divulgado.

Publicado na revista científica Frontiers in Psychiatry, o estudo, que é pioneiro, foi realizado com adolescentes da população portuguesa e reuniu as universidades de Coimbra (UC), do Porto (UP) e do Minho (UMinho), e as universidades College London e Royal Holloway, no Reino Unido, refere uma nota da UC, enviada hoje à agência Lusa.

Na investigação, que envolveu 47 jovens do sexo masculino com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, foram avaliados os traços de frieza emocional, ou seja, a falta de empatia e desprezo pelo bem-estar e sentimentos dos outros.

Para isso, “os jovens visualizaram animações em vídeo com exemplos de transgressões morais, tais como tomar o lugar de uma idosa num transporte público ou guardar dinheiro que caiu do bolso de outra pessoa”, exemplifica a UC.

“A abordagem de desenhos animados permitiu-nos criar estímulos mais reais e próximos dos jovens que podem acontecer no nosso quotidiano”, afirma Óscar Gonçalves, investigador no Proaction Lab da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC.

Os jovens, esclarece o investigador, foram questionados sobre “quão culpados se sentiriam se fossem os próprios a cometer as acções imorais e quão erradas as julgaram ser”.

Os traços de frieza emocional observados na infância e adolescência são considerados precursores de psicopatia – “um transtorno marcado por um comportamento anti-social grave e persistente” – na idade adulta, sublinha a UC.

A principal descoberta deste estudo, acrescenta, relaciona-se com o papel moderador dos traços de frieza na associação entre o sentimento de culpa e o julgamento moral.

Margarida Vasconcelos, investigadora da UMinho, explica que “os adultos com psicopatia apresentam baixos níveis de culpa, mas julgam acções imorais como erradas”.

Porém, o estudo demonstra que “os jovens com elevados níveis de frieza emocional apresentam baixos níveis de culpa e julgam as acções imorais como menos erradas”.

No entanto, sublinha a coordenadora do estudo, Ana Seara, também da UMinho, “foram encontradas evidências de dissociação entre as emoções morais e o julgamento moral, ou seja, entre o sentimento de culpa e o julgamento das acções imorais. Mesmo em níveis subclínicos de traços de frieza emocional, esta dissociação típica em psicopatia em adultos já se manifesta durante o desenvolvimento”.

De acordo com os autores do estudo, os resultados obtidos vão “contribuir para o desenvolvimento de um modelo de comportamento anti-social severo e, ainda, permitir o desenvolvimento de alvos de intervenção, reabilitação e prevenção precoce de comportamento anti-social”.

LUSA


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