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Ansião: Centro Etnográfico do Alvorge vai ampliar espaço museológico

25 de Abril 2021

O alargamento do núcleo museológico pertencente ao Centro Etnográfico do Alvorge vai ser uma realidade. A ampliação do espaço para o edifício adjacente é já uma certeza, faltando apenas as obras que permitirão a extensão do espólio.

“O edifício onde o centro se insere era um prédio único desde o século XVI, sensivelmente, mas à medida que foram sendo feitas partilhas acabou por ser dividido ao meio. Nós já ocupávamos metade e agora comprámos o remanescente que nos permite fazer um alargamento do espaço de exposição e encontramo-nos a ultimar o processo de compra, nomeadamente a escritura e respectivo registo, para depois avançarmos com as obras de ampliação. O edifício de que falo é de grande relevância histórica para a nossa zona porque foi uma antiga prisão, mas foi também celeiro da Universidade de Coimbra. Fazia todo o sentido ficar com ele e dar-lhe o propósito para o qual ele é usado, contou Jaime Tomás, responsável pelo Centro Etnográfico do Alvorge, ao TERRAS DE SICÓ.

A compra, levada a cabo pelo Centro Social, Cultural e Recreativo do Alvorge, associação da qual faz parte o Centro Etnográfico, permitirá também a abertura de uma biblioteca que, em gesto de homenagem, terá como nome “Fernando Namora”, médico e escritor natural de Condeixa, mas com raízes em Alvorge.

“A intenção é alargar a exposição que já temos, mas não só. O Centro Etnográfico do Alvorge pertence à Secção Cultural do Centro Social do Alvorge e esta associação já tinha uma pequena biblioteca, mas uma coisa realmente muito pequenina. O ano passado, com a ajuda de uma professora, decidimos colocar mãos à obra e começámos uma campanha de angariação de livros que superou todas as nossas expectativas e que resultou na doação de cerca de 4.000 livros. Então a ampliação do centro não tem como único objectivo o alargamento do nosso espólio mas também a implementação de uma biblioteca a que daremos o nome de Fernando Namora, um homem com raízes na nossa terra e de grande importância na literatura nacional. A data de abertura ainda não está definida, mas acreditamos ser possível fazê-lo no próximo ano”, acrescentou Jaime Tomás.

Cativar visitantes

Para além do espaço museológico e da biblioteca, o agora enfermeiro reformado fala da inclusão de uma videoteca no mesmo espaço, uma vez que “temos donativos de muitos filmes e gostávamos de os exibir, embora agora seja cada vez mais fácil ter acesso a filmes a partir de casa. Temos de tentar inovar o espaço para conseguir cativar visitantes”, afirma, frisando que “estou esperançado que o alargamento do nosso espaço torne esta parte da cultura mais atraente”.

A ideia de criação de um espaço que preserva e conserva as memórias e tradições do Alvorge surge desde cedo em Jaime Tomás, que como era enfermeiro, “fazia muitos domicílios por aqui e via muitas coisas que me interessavam e pedia-as às pessoas. Acabei por recolher um património muito grande. Começámos por ‘improvisar’ um pequeno espaço lá sede da associação, mas depressa deixou de ser suficiente para a quantidade de coisas que já tínhamos. Então em 2014, a associação resolveu adquirir o espaço onde agora está o Centro Etnográfico”.

“Não é fácil manter o espaço e o espólio porque é preciso manutenção e a conservação do material, mas o mais difícil é captar público. Estamos inseridos numa freguesia muito interior, muito pobre e embora tenhamos a vantagem de fazer parte do caminho de Santiago de Compostela, o que nos dá alguma visibilidade, não é suficiente para termos as portas abertas diariamente, o que nos obriga a funcionar por marcação”, salienta.

Jaime Tomás admite que “custa muito pensar que um dia todo este projecto caia no esquecimento. Podemos não ter muita gente, mas se existir uma pessoa interessada já é motivação suficiente para manter a nossa colecção bem cuidada e apresentada, e para lhes abrir a porta do nosso Centro”, sublinha.

RUTE AZEVEDO SANTOS

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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