Sem surpresa, o PS vai recandidatar o presidente da Câmara Municipal de Condeixa, Nuno Moita, a um terceiro mandato nas próximas eleições autárquicas. E se a indigitação do cabeça-de-lista constituiu um processo pacífico, já a escolha do ‘número 2’ da lista pode vir a conhecer alguma agitação nas próximas semanas. O lugar tem vindo a ser ocupado por Liliana Pimentel, mas isso pode não acontecer desta vez.
Já lá vamos. Antes, referir que em caso de reeleição, o próximo mandato de Nuno Moita será marcado por duas circunstâncias: primeira – é o último (a lei não permite mais do que três sucessivos); segunda – o autarca é também presidente da Federação Distrital de Coimbra do PS e a tradição socialista mostra que o líder federativo tem lugar elegível assegurado nas listas de deputados à Assembleia da República.
Ou seja, mais ou menos adiante, seja no fim do mandato ou até mesmo antes, Nuno Moita deixa lugar em aberto e a ‘sucessão’ já começa a mexer, como o provam as ‘movimentações’ dos últimos meses, conhecidas nos meandros políticos.
“As aspirações de todos são legítimas, no entanto, o PS sempre soube fazer equilíbrios e o candidato tem uma palavra a dizer, assim como tem a comissão política [concelhia], reforçada pelo facto de ser o meu último mandato”, afirma Nuno Moita sobre as pretensões pelo segundo lugar na lista à Câmara nas Autárquicas do próximo Outono.
O líder da concelhia socialista, António Ferreira, adiantou ao TERRAS DE SICÓ que o cabeça-de-lista solicitou “a colaboração do PS para o ajudar a constituir a lista” e que o assunto será debatido no próximo mês numa reunião daquela estrutura partidária. Como, ainda não se sabe.
O também vereador defende que o ‘número 2’ da lista, “em colaboração com o cabeça-de-lista, deve ser escolhido pelo partido”. “É um sinal do partido ao candidato Nuno Moita daquilo que [o PS] pretende para o futuro”, sustenta Ferreira, que “enquanto militante, está disponível para aquilo que o partido entender que é melhor, e se entender que serei uma das soluções para o futuro do PS, estarei disponível para servir o povo de Condeixa”. Para que não restem dúvidas: “Estou disponível para ser o número 2”, afirma, recusando, no entanto, que esteja em causa uma eventual disputa António Ferreira/Liliana Pimentel.
O presidente da concelhia, quarto da lista de Moita em 2017, não teme que este processo possa vir a criar cisões entre os socialistas, declarando não ter “medo da democracia”.
Liliana também quer
Se António Ferreira tem vontade, afirma-se “disponível” e se sente “com capacidade” para ocupar aquele lugar, embora, diz, “não faço disso um cavalo-de-batalha”, Liliana Pimentel, vice-presidente nos dois mandatos de Nuno Moita, aspira a manter-se na mesma posição.
“Estou a contar em ser a ‘número 2’ e não imaginava sequer pôr-se em dúvida essa situação. Nos últimos oito anos sempre desempenhei as funções como ‘número 2’, sempre desempenhei as funções como vice-presidente da Câmara e desempenhei-as muito bem, como acho que é visível aos olhos de todos os condeixenses e dos membros do executivo”, afirma ao TERRAS DE SICÓ, não vendo motivo “para não o querer voltar a ser”.
Liliana Pimentel recorda que “as listas de qualquer partido têm um conjunto de recomendações gerais, e há orientações muito precisas do PS aos presidentes das concelhias de que as listas autárquicas devem ter particular atenção à questão da paridade [de género], nomeadamente nos dois primeiros lugares”. Traduzindo: se o primeiro é um homem, o segundo deve ser uma mulher ou vice-versa.
A vereadora defende que deve ser o cabeça-de-lista “a decidir a sua equipa”, sendo “tradição do PS em Condeixa, a concelhia dar-lhe essa legitimidade total e depois votar a equipa no todo” e não lugar a lugar.
Olhando para o futuro, a professora universitária admite que reúne condições e “gostaria muito de um dia poder ser presidente da Câmara de Condeixa”.
Ferreira ambicioso
E é para esse futuro que olha também já António Ferreira, que se acha com “competências e qualidades para exercer o cargo [de presidente da Câmara], se isso um dia acontecer”, e que sente “a mensagem das pessoas”. “Se me disponibilizo para esta situação é porque senti o carinho e o apoio das pessoas, que me incentivaram para isso”, frisa.
“Se não sentisse isso nem sequer me punha a jeito. Não estou a ir com sede ao pote, estou com transparência, total disponibilidade e despreendimento de tudo”, assegura o ex-bancário, prestes a concluir a licenciatura em Solicitadoria e Administração.
As funções de vereador exercidas nos últimos oito anos permitiram-lhe criar “um ambiente de relações pessoais e de amizade com os munícipes, com os empresários, com as forças-vivas da vila, que me acham com condições de poder continuar a desenvolver um trabalho”.
“Sou amicíssimo do Nuno [Moita] e vou com ele até ao fim do mundo, mas também tenho os meus projectos, também tenho as minhas ideias, também gostaria amanhã, se tivesse uma oportunidade, de as poder implementar junto da comunidade, também gostaria de deixar uma pequena marca no meu concelho”, afirma sem rodeios.
Escolher bem
Pelo exposto, é fácil perceber que a corrida à ‘sucessão’ de Nuno Moita está em curso e as próximas semanas poderão vir a tornar mais claro o futuro no reino socialista.
“O PS ao longo dos anos sempre soube ser um partido unido, que sabe escolher bem e que sabe trabalhar bem a diversidade que possa haver dentro do partido”, desdramatiza o indigitado cabeça-de-lista sobre o elenco para as próximas eleições.
Nuno Moita realça que “esta equipa [actual] orgulha-me e tem feito muito por Condeixa. Saberemos nos sítios próprios, nos meios próprios, dentro do PS, chegar a uma lista forte”, assegura.
LUÍS CARLOS MELO
(Na foto, Carlos Canais, Liliana Pimentel, Nuno Moita, Ana Manaia e António Ferreira, eleitos pelo PS em 2017)
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