O movimento Nascer em Coimbra defendeu que o processo de construção da nova maternidade da cidade e da região deve salvaguardar os direitos sexuais e reprodutivos, o protagonismo das mulheres e figuras parentais, e a humanização do parto.
“De que maternidade nós precisamos? Que cuidados queremos oferecer aos pais, às mães e aos recém-nascidos?”, questionou o investigador Tiago Rolim, numa conferência de imprensa em que o movimento divulgou a sua posição sobre o futuro equipamento de saúde.
Tiago Rolim realçou que “a legislação nacional e as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) devem constituir a base fundamental” de um processo em que “é consensual a ideia da urgência da construção de uma nova maternidade” em Coimbra.
O movimento, que desvaloriza a localização, preconiza um “importantíssimo debate” que passe sobretudo por “analisar publicamente também as questões do ‘como’, do ‘para quê’ e ‘para quem’”.
“Entendemos que é mais do que tempo de exercer cidadania e visibilizar áreas até agora ocultas ou desvalorizadas nesta longa discussão”, refere no documento, que será enviado ao Ministério da Saúde e a outras entidades públicas envolvidas no processo decisório.
Para Maria Neto, professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, importa que a nova maternidade “coloque os direitos sexuais e reprodutivos dos casais e das mulheres no centro de todos os cuidados”.
“Não importa muito o local, desde que as directrizes estejam definidas, o que fará toda a diferença”, corroborou, por sua vez, Monalisa Barros, psicóloga e professora universitária.
Tiago Rolim começou por salientar que Portugal registou “progressos importantes nos indicadores de morbimortalidade materno-infantil”, nos últimos 50 anos, uma evolução associada à “melhoria das condições de vida e dos comportamentos em saúde”, bem como às políticas sociais, com destaque para o Serviço Nacional de Saúde.
“Termos chegado aqui não nos permite dizer que tudo está feito. Um exemplo disso é a preocupante subida da taxa de mortalidade materna em Portugal, que nos coloca neste momento no quarto pior lugar da União Europeia”, lamentou.
O movimento acredita que as suas propostas “permitirão que a nova maternidade ofereça condições físicas, técnicas e humanas capazes de igualarem o que de melhor e mais adequado se faz em diferentes países”.
“Entendemos que, além de serem discutidas as necessárias questões de localização e financeiras, é urgente ter em conta alguns princípios basilares”, preconiza no texto.
Para os activistas, “tendo presente a realidade social e familiar e a evidência científica disponível em diferentes áreas, da saúde, social, jurídica, arquitectónica, entre outras, é fundamental atender ao conhecimento existente e à consequente nova oferta de serviços”.
“Enquanto a nova maternidade não for construída, urge que voltemos a atenção à situação das actuais maternidades [Bissaya Barreto e Daniel de Matos, integradas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, CHUC], que devem actualizar alguns dos seus serviços a partir das recomendações expostas neste documento”, propõem.
Na sessão, realizada em formato de videoconferência, participaram ainda Cláudia Ascher e Sandra Silvestre, do Nascer em Coimbra, além de elementos do público.
LUSA
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