A necessidade de criar sistemas inteligentes de agregação e de tratamento de dados para melhorar a eficiência dos serviços municipais dominou a segunda edição das Conferências do Centro, em Alvaiázere, que será transmitida online na próxima quinta-feira. “É preciso juntar, tratar e partilhar dados para criar sistemas dinâmicos que ajudem a melhorar a qualidade de vida nas cidades”, afirma Luís Matos Martins, CEO dos Territórios Criativos, a empresa de consultadoria e de apoio ao empreendedorismo que organiza as conferências.
“Cada vez mais cidades estão a aproveitar a revolução tecnológica para melhorar a gestão dos serviços municipais, aumentando a qualidade de vida dos seus cidadãos e reduzindo a pegada ecológica”, salientou Mário Velindro, presidente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), o qual tem um curso de Gestão Sustentável das Cidades. “Temos que formar mais profissionais qualificados nesta área, mas temos também que actualizar os profissionais que já estão no mercado activo de trabalho e que têm dificuldade em acompanhar o que está a acontecer de novo”, reforçou. “O ISEC vai aumentar a sua oferta formativa nesta área para capacitar esses quadros.”
Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais e ex-candidato a presidente do PSD, defendeu a partilha de dados em rede como estratégia para encontrar as melhores opções para cada autarquia e tirar partido do conhecimento. “O segredo não é a alma do negócio, a partilha é que é a alma do negócio”, sustentou. A cidade de Cascais tem vindo a apostar em soluções tecnológicas de startups portuguesas para áreas como o comércio local e a mobilidade. “Isso qualifica a cidade, torna-a mais competitiva e predispõe as pessoas para a mudança”.
A recolha e tratamento dos dados relativos a cada cidade e aos seus habitantes irá permitir “antever cenários e tomar as decisões públicas apropriadas”. Segundo Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, “não adianta pensar em fazer smart cities se não criarmos e trabalharmos informação para poder projectar e reabilitar melhor, dando resposta às necessidades reais das pessoas”.
A autarca criticou a má gestão de dados colectados por sensores – dispositivos que integram e processam dados, transformando-os em informações – porque considera haver “falta de conhecimento e de capacitação de quadros internos nas autarquias, que permita analisar e tratar a informação obtida”.
Célia Marques, presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, destacou a importância de aliar o progresso da transformação digital à transmissão de conhecimento. “A partilha de informação será fulcral para construir novas e melhores soluções e serviços para a comunidade, sobretudo em territórios de baixa densidade”, considera a edil.
O próximo passo, de acordo com Miguel Pinto Luz, será estabelecer uma política pública coerente para tornar a rede de cidades portugueses mais inteligentes. E defendeu a necessidade de estabelecer um novo modelo de financiamento para que novas soluções possam ser testadas e implementadas. “A Área Metropolitana de Lisboa, por exemplo, não tem acesso a financiamento para a transição digital, terá de ser um investimento próprio”, afirmou.
A oportunidade que o planeamento e a construção das smart cities representa para as empresas foi destacada por Luís Matos Martins, que defendeu a instalação de incubadoras em empresas ou espaços municipais. “É necessário pôr em prática um ecossistema empreendedor ao serviço destas novas cidades, num momento em que a pandemia da Covid-19 veio valorizar, mais que nunca, a importância das nossas casas e dos nossos bairros”, concluiu.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM