A questão que se coloca, hoje mais do que nunca, poderá ser, face a toda uma pandemia que nos cerca, assim como é o teletrabalho, uma parte de uma “revolução” social relevante até pela alteração de hábitos que poderá implicar.
Mas será que todos estamos preparados para essa “revolução”?
Viver numa sociedade sem dinheiro em espécie – papel e/ou moeda – pode parecer algo fora da caixa e sem qualquer sentido, mas já estamos, de alguma forma, a percorrer esse caminho, seja a nível individual, pelos governos e por grandes empresas do sector financeiro, principalmente.
Como é óbvio, o que se refere terá as suas vantagens como desvantagens.
Quanto aos benefícios podemos identificar: a1) Uma diminuição de crimes porque não há dinheiro tangível para roubar; a2) Os crimes financeiros irão decair (ex: será mais difícil esconder rendimentos, subtraindo-os ao controlo do fisco); a3) Menos transacções ilegais (ex: tráfico de droga) – geralmente ocorrem com dinheiro para que não haja registo da transacção; a4) Diminuição do custo/produção papel-moeda, além do decorrente do seu armazenamento e guarda; a5) Permite agilizar as viagens e o comércio internacional – ao não haver câmbio monetário.
Quanto às desvantagens: b1) Os pagamentos através de meios electrónicos (ex: cartões magnéticos e outros) significam menos privacidade; b2) Possibilidade de um ataque cibernético; b3) Problemas tecnológicos – falhas, interrupções e erros – podem acarretar impossibilidade de aquisição de bens e serviços assim como os comerciantes não terem forma de aceitar pagamentos quando o sistema não funciona; b4) Poder ser mais um factor de desigualdade – As pessoas com menos recurso e instrução, por não terem acesso às novas tecnologias exigidas para proceder a pagamentos, bem como receber e/ou aceder a ajudas, ficariam, ainda, mais desfavorecidas e, de alguma forma, mais excluídas; b5) havendo uma imposição na adopção de novos métodos de pagamento, com a abolição do dinheiro – papel e/ou moeda – podemos esperar que as instituições financeiras procurem eliminar as pequenas economias onde o lucro é menor resultante de um pequeno volume de transacção monetária electrónica; b6) Quando se adquire certos e determinados bens a dinheiro sente-se mais a “dor” de cada cêntimo gasto do que se for através de uma qualquer forma de pagamento electrónico.
Contudo, devido ao desenvolvimento da inteligência artificial e da tecnologia, muitos investigadores vão referindo que, a longo prazo, é possível viver numa sociedade sem dinheiro físico – em papel e/ou moedas. Ideia que, provavelmente, existe desde a criação dos cartões de débito e de crédito.
Porém, pensamos que, apesar de algum optimismo, das suas vantagens (algumas supra referidas), essa possibilidade não é fácil de sustentar, principalmente no nosso País.
E porquê?
Porque, de acordo com um estudo recente feito pelo Banco de Portugal, cerca de 60% dos pagamentos feitos pelos portugueses ainda são em dinheiro físico (notas e moedas) e os levantamentos de numerário em ATM cresceram somente 1% em quantidade e 2,7% em valor.
Isto é, Portugal ainda está longe de se tornar numa sociedade sem dinheiro físico, apesar de se estar, na opinião de alguns especialistas, a verificar um crescimento de outros meios de pagamento (transferências a crédito, débitos directos, transferências imediatas, entre outras), que não o dinheiro em espécie – papel e/ou moedas.
Apesar da referida evolução, pensamos que o dinheiro físico vai continuar, principalmente em Portugal, que tem uma população crescentemente envelhecida e com poucos conhecimentos tecnológicos, o que poderá ser um factor positivo para a economia existir em alternativa e contribuir para que as taxas dos depósitos não sejam, à partida, negativas.
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