O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, Almeida Lopes, disse que a pandemia de covid-19 é uma catástrofe para os corpos de bombeiros e associações humanitárias.
“Classifico esta pandemia como uma catástrofe para as associações e corpos de bombeiros do distrito devido ao impacto que ela tem”, afirmou à agência Lusa Almeida Lopes, apontando o impacto ao nível dos recursos humanos.
Segundo o dirigente, “os bombeiros têm de estar na linha da frente, em contacto com todas as pessoas, nomeadamente as pessoas infectadas”, o que faz “com que tenham algumas reservas”.
“Não podemos esquecer que têm famílias”, declarou, frisando que “estas reservas vêm, principalmente, do facto de os responsáveis deste país, que os deviam proteger, não os terem considerado grupo de risco prioritário para a vacinação contra a covid-19”.
Almeida Lopes referiu-se também ao impacto económico, para lembrar que “as associações vivem sobretudo do apoio da sociedade civil, conseguido através de eventos e acções de angariação de fundos, que foram todos cancelados”, além de que a pandemia levou “a um aumento brutal da despesa nas acções de socorro junto da população”.
“No que diz respeito à emergência pré-hospitalar, cada serviço tem um custo acrescido médio de 65 euros”, exemplificou, referindo ainda os custos dos “equipamentos de protecção individual que toda a tripulação tem de usar e as despesas de desinfecção das viaturas depois de cada serviço e de higienização dos espaços onde estão os bombeiros que efectuam os serviços e dos próprios bombeiros”.
O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria salientou ainda o impacto “na captação de voluntários, para renovação de quadros”.
“Face ao ambiente vivido e ao facto de sermos um grupo de risco – coisa que apenas os nossos governantes não entendem -, há uma reserva muito grande da nossa juventude em aderir a este tipo de voluntariado”, adiantou.
Almeida Lopes destacou, por outro lado, que devido à pandemia “tiveram de ser suspensas todas ou quase todas as actividades na área da formação, o que é mais um motivo impeditivo da entrada ao serviço de novos voluntários”.
No caso dos Bombeiros Voluntários de Leiria, de que é vice-presidente da direcção, a corporação, com três quartéis (Leiria, Cardosos e Monte Redondo), “teve de adquirir equipamento para desinfecção de instalações e viaturas, na ordem dos 9.100 euros”.
“Mensalmente, só no que diz respeito aos equipamentos de protecção individual que são utilizados nas acções de socorro na área pré-hospitalar, temos uma despesa acrescida de 4.200 euros”, acrescentou.
Sobre os apoios do Governo, o dirigente explicou que “este mês chegou o apoio extraordinário aprovado pela Assembleia da República, que deveria ter sido pago até final de Agosto”.
“Também foi criado um apoio para as associações, para a criação de equipas sanitárias para ficarem à ordem de ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil], para o transporte de doentes com covid-19, mas o valor pago de 70 euros/dia não cobre nem um terço das despesas que acarreta ter uma viatura, com uma tripulação, disponível 24 horas/dia”, considerou.
Segundo Almeida Lopes, aos Bombeiros Voluntários de Leiria foram entregues, por duas vezes, equipamentos de protecção individual, “numa quantidade reduzida”.
“Para agravar esta situação, a indefinição governamental na implementação da nova lei orgânica da ANEPC, resultando numa desorganização da Protecção Civil em Portugal”, disse.
No distrito de Leiria há 25 corporações de bombeiros, sendo 24 de raiz voluntária e uma municipal.
De acordo com o último boletim da Comissão Distrital de Protecção Civil de Leiria, divulgado às 00:04 de quarta-feira, o distrito de Leiria registou desde o início da pandemia, em Março de 2020, 14.471 casos do novo coronavírus, mantendo-se 4.068 activos.
No mesmo período, recuperam da doença 10.056 pessoas, registando-se ainda 347 óbitos.
Ontem, este boletim diário não foi elaborado “devido à não actualização dos dados” dos agrupamentos dos centros de Saúde Pinhal Interior Norte, Pinhal Litoral e Oeste.
LUSA
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