A Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria considera que a vacinação contra a covid-19 de apenas 50% do efectivo das corporações perturba o seu funcionamento, colocando os comandantes “no centro do odioso” processo de selecção.
“Esta federação (…) não poderia deixar de manifestar o seu desagrado, pois mais uma vez estamos perante uma decisão que, para além de minimizar os bombeiros relativamente a outros agentes, vem também perturbar o normal funcionamento dos corpos de bombeiros, colocando os seus comandantes no centro do odioso da questão ao ter de designar 50% dos seus efectivos para efeitos de vacinação covid-19”, refere uma missiva hoje enviada à Lusa.
A missiva, assinada pelo presidente da federação, Almeida Lopes, e remetida para várias entidades, surge na sequência de uma nota informativa do director nacional de Bombeiros, José Pedro Lopes, datada de segunda-feira.
A nota refere que, “nesta fase de vacinação, e tendo em conta o número limitado de vacinas, será necessário estabelecer critérios e prioridades”, adiantando que “o preenchimento por cada uma das prioridades acontecerá até ser totalizado o número de vacinas disponibilizadas correspondente a cerca de 50% dos bombeiros dos quadros activo e de comando”.
Segundo o documento, “os critérios de prioridade para a vacinação, determinados pela ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, após coordenação com a ‘task force’ do Programa de Vacinação contra a covid-19 e com a Liga dos Bombeiros Portugueses” são, em primeiro lugar, os bombeiros afectos ao serviço de emergência pré-hospitalar, seguindo-se os que estão afectos ao serviço de transporte de doentes e depois os bombeiros assalariados, onde se incluem os elementos das equipas de intervenção permanente e dos grupos de intervenção permanente.
“Se nos elementos seleccionados pelos critérios anteriores não estiver incluído um elemento de comando é imperativo que um desses elementos seja indicado”, refere a nota, apontando ainda que nesta fase estão incluídos para vacinação “outros elementos considerados prioritários pelo comandante”.
A mesma nota realça que, “num cenário em que a disponibilidade das vacinas é ainda limitada, devem ser priorizadas os bombeiros com maior risco/vulnerabilidade de contrair a infecção por SARS-CoV-2”, pedindo aos comandantes para que acedam à plataforma RNBP (Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses), sistema de informação e gestão do registo dos bombeiros portugueses dos quadros de comando, activo, de reserva e de honra, e “procedam à selecção dos elementos de acordo com as prioridades definidas”.
A Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria refere que “se foi muito negativo, logo na primeira hora, não terem sido considerados os bombeiros no primeiro grupo a vacinar”, é, “no mínimo, caricato e pouco inteligente que as entidades com poder de decisão em matéria de vacinação, bem como aqueles que devido às suas funções dizem, uns tutelar a acção dos bombeiros e outros representá-los, com esta decisão de vacinar apenas 50 % do quadro activo mais não fazem que comprovar aos bombeiros de Portugal a ideia que estes têm de tão tristes personagens”.
A missiva pede aos comandantes dos corpos de bombeiros que manifestem a sua indignação com esta decisão, alertando que “perante tais afrontas e provocações” os bombeiros poderão “tomar atitudes na defesa da sua integridade física e do seu agregado familiar, que poderão ter repercussões muito graves junto da população em geral”.
Criticando diversas entidades, a Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria pede, “enquanto é tempo”, a alteração desta decisão, avançando-se “para a vacinação de todos os bombeiros do activo que, diariamente, fazem socorro efectivo”.
À Lusa, Almeida Lopes afirmou que colocar os comandantes a seleccionar quem deve ser vacinado “é das coisas mais dramáticas que se pode fazer”, tanto mais que “noutras instituições, como INEM, forças de segurança e outros agentes, tal não se colocou e foi tudo vacinado a 100%”.
O distrito de Leiria regista desde o início da pandemia, em Março do ano passado, 17.992 casos confirmados do novo coronavírus, mantendo-se 5.124 activos, segundo o último boletim da Comissão Distrital de Protecção Civil, divulgado às 00h51 de hoje.
No mesmo período, recuperaram da doença 12.432 pessoas, havendo 436 mortos, sendo que não estão actualizados os dados relativos aos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande.
LUSA
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