Todos vamos constatando a importância que tem a União Europeia nas nossas vidas. Recentemente por causa do pacote de ajudas na consequência da pandemia e dos enormes problemas sociais e económicos que temos para resolver, entendemos, mais uma vez, que sem bloco Europeu, seria muito difícil enfrentar o que temos pela frente. Mesmo com esses apoios, veremos o tempo que será necessário para recuperar para os níveis de 2019 que, como bem sabemos, não eram propriamente auspiciosos em nenhum indicador macroeconómico, fosse de crescimento relativo de criação de riqueza ou de dívida pública. Tinha-se safado o défice graças a muitas cativações e à quase paragem do investimento público.
A importância da Europa enquanto espaço social e económico é essencial para todos os países europeus, no balanço da sua competitividade com os Estados Unidos, China, Mercosur, entre outros blocos mundiais, mas também na garantia da Paz de um território que no século XX foi fustigado enquanto epicentro de duas guerras mundiais. A Europa continua a ser um modelo social e de qualidade de vida, mas também continua, talvez por causa do seu modelo de construção, a ser demasiada lenta e burocrática, quando compara com outros países ou blocos de países do mundo.
Num quadro difícil, Portugal assume a Presidência rotativa da UE neste primeiro semestre onde o primeiro objectivo material é a regulamentação dos apoios extraordinários que os países acordaram ainda no final da Presidência Alemã. A necessidade da chegada dos apoios aos vários Estados membros é manifestamente essencial à vida dos cidadãos e das empresas, pelo que esse é o desafio principal. Além disso, por tudo o que se viveu (vive?) nos Estados Unidos, este também é o momento de alinhar a diplomacia com os EUA do novo Presidente Biden que tem na UE um dos seus aliados Ocidentais de peso. Portugal ao ser o primeiro a liderar a UE, com Biden ao leme dos EUA, após o mandato de Trump, tem nesse aspecto também um desafio de diplomacia económica, social e de definição na estratégia geopolítica.
Acrescem ainda, na minha opinião, duas oportunidades. A oportunidade de Portugal exercer a sua magistratura de influência junto do Bloco Africano, com quem a Europa se tem de alinhar, numa perspectiva de equilíbrio social e de suporte a uma boa parte da Humanidade cujo acesso à educação, desde logo, é curto, com todas as consequências que isso tem no desenvolvimento daquelas nações. Finalmente, um País do Sul da Europa na Presidência deve ser bom motivo para aproximar os Países do Norte que continuam a ver a bacia mediterrânica como um território povoado por gente “em desenvolvimento”, para ser simpático. Portugal enquanto nação de charneira entre a Europa e África, e entre a Europa e o Brasil, também deve aproveitar a sua acção diplomática para diminuir os ainda existentes preconceitos internos.
A Europa será mais forte se continuar a nivelar as suas nações, em termos económicos e sociais, sendo esse um caminho estratégico que será tarefa de mais uma geração. Estes momentos de Presidências de Países do Sul é também importante para que os ditos mais desenvolvidos os conheçam melhor.
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