No final de um ano estranho, no meio de uma pandemia que condicionou a mobilidade das pessoas, alterou pressupostos sociais importantes e acrescentou problemas à economia portuguesa, vale a pena reflectir sobre o nosso território de Sicó e na forma como pode ser arquitectada uma estratégia integrada aproveitando os nossos principais recursos.
A valorização dos centros históricos das vilas criando estruturas de interpretação do património existente com exposição permanente, a valorização do património medieval e romano, aproveitando a porta de entrada de Conímbriga – cuja investigação arqueológica deveria rapidamente avançar para o anfiteatro romano, como estrutura âncora da visitação da cidade romana e da rede de villas romanas do Rabaçal e Santiago da Guarda – mas também o facto de existirem quatro castelos medievais em Sicó – Penela, Soure, Pombal e Germanelo – são exemplos de acções estratégicas que podem atrair visitantes, desenvolver o comércio local, atrair novos investimentos e criar riqueza. Por outro lado, a valorização dos recursos endógenos merece uma nova abordagem e muito mais aposta das entidades públicas. O queijo Rabaçal é uma marca da região que obviamente, no século XXI, tem de ser mais valorizada por outras vias que não exclusivamente uma feira dedicada em regime rotativo. É preciso mais e a marca vale esse investimento. É importante definir acções e apoios concretos para jovens agricultores que tenham a escala industrial suficiente e deverá haver suporte institucional estruturado para o marketing do queijo rabaçal. Ganharão todos os que estão na cadeia de valor directa, mas também ganhará todo o território e os seus vários empresários ligados à restauração e hotelaria.
Ainda do lado do calcário de Sicó, a rede de aldeias do calcário deverá ter um plano estratégico pensado numa lógica de atracção de novos habitantes e investidores, desenhado com a ambição de que é bom exemplo a rede de aldeias do xisto. Só será possível com o empenho das autarquias, numa fase inicial, e com um programa de acesso a fundos comunitários para públicos e privados. Finalmente, a parte de criação de condições para se fixarem investidores e a criação de emprego. Excepção feita a Pombal, que tem parques industriais consolidados e com a presença de um tecido económico robusto, e à presença de meia dúzia de empresas no território que se destacam pela sua escala de actuação, dinâmica e abertura comercial, faltam espaços empresariais para que o território possa atrair investimento de dimensão e fixar talento, aproveitando o seu pólo urbano principal – Coimbra. A lógica municipal de cada um ter o seu parque, deveria mudar e dar lugar a um novo conceito de parque intermunicipal onde os impostos recolhidos seriam para os vários municípios. É possível fazê-lo recorrendo a figuras jurídicas já existentes. É talvez demasiado original, mas, na minha opinião, esta é a única alternativa para municípios de pequena dimensão. Fazer um parque empresarial que sirva Condeixa, Penela e Soure – aproveitando a proximidade à A1 e mesmo à nova A13 – poderia alterar o paradigma socioeconómico do território de Sicó. A proximidade a Coimbra e a disponibilidade de recursos qualificados seriam certamente dois factores de atracção para investidores. Tudo num território especial, com património histórico, arqueológico e natural, e com qualidade de vida.
O ano 2021 está a entrar, Portugal vai ter fundos comunitários para poder alterar paradigmas de desenvolvimento, o interior, onde boa parte deste território se encontra, terá oportunidades novas de investimento e aposta, pelo que um plano estratégico estruturado para a próxima década poderia fazer a diferença.
Boas Festas para todos!
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