A actual pandemia levou a um aumento da taxa de desemprego por todo país, tendo esta atingido o valor de 7,8% no segundo trimestre deste ano. O desemprego, por consequência, originou um aumento de pedidos de ajuda por parte das famílias.
Exemplo disso são os números da Rede de Emergência Alimentar. Criada a partir do Banco Alimentar numa parceria assente nas Instituições de Solidariedade Social, Juntas de Freguesia, entre outras. A Rede de Emergência recebeu, nos primeiros meses de pandemia, cerca de 350 pedidos de ajuda por dia, representando um acréscimo de cerca de 60.000 pessoas em relação às 380.000 apoiadas antes da pandemia pelos Bancos Alimentares espalhados por todo o país. O número de pedidos diminui durante o Verão mas voltou a aumentar a partir de Setembro. A última semana do mês de Outubro chegou mesmo a atingir os 55 pedidos diários de auxílio.
Em Pombal, não foi diferente. O número de famílias que este ano recorreram a ajudas institucionais ou associativas aumentou exponencialmente.
“Desde o início da pandemia que tem aumentado, consideravelmente, o número de famílias que necessitam de apoio. Para além das famílias que já apoiávamos e que manifestam agora uma ainda maior necessidade de apoio, têm surgido novos agregados familiares a necessitarem do apoio da conferência. Falamos até de famílias que antes da pandemia tinham uma situação financeira estável e agora se vêem sem ter como fazer face a todas as despesas. Procuram-nos sobretudo por situações de desemprego, motivadas pelos despedimentos e encerramento de pequenos negócios”, explica Ângela Marques, presidente da Conferência São Vicente de Paulo em Pombal.
A Conferência São Vicente de Paulo, instituição que actua em Pombal desde 1948, é uma das que mais pombalenses apoia através de uma entrega diária dos excedentes alimentares de dois supermercados, bem como dos cabazes mensais de alimentos não perecíveis.
“Algumas famílias vêm também ao Espaço Solidário, que agora está aberto três dias por semana para entrega de roupa, e outros pedidos de ajuda chegam-nos através da Junta de Freguesia de Pombal, da Segurança Social, da Câmara Municipal e até do próprio Banco Alimentar”, acrescentou Ângela Marques.
Além do apoio na alimentação e no vestuário têm ajudado igualmente no pagamento de despesas “com a habitação, no pagamento de contas, na compra de medicamentos, óculos, por exemplo, e até no pagamento de propinas”.
No entanto, existe uma outra organização, também ela de forte cunho social, que se preocupa com uma parte da população que é facilmente esquecida e muitas vezes negligenciada: os idosos.
A ATLAS é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) que actua em Pombal com o projecto Velhos Amigos desde Maio de 2018, tratando-se de uma iniciativa que procura levar refeições quentes, fornecidas por restaurantes da cidade que aderiram ao projecto, a idosos que se encontrem em situação de carência económica e/ou de isolamento.
“Tratando-se de um projecto que procura atenuar o isolamento social dos idosos, a pandemia obrigou a alterações nos contactos de proximidade e de afectos. Os voluntários que faziam as visitas aos idosos em pares passaram a fazê-lo individualmente respeitando todas as regras de segurança. Os abraços e as visitas demoradas, as conversas presenciais e os convites para um passeio ou para assistir ou participar em alguma actividade, deram lugar a uma visita muito breve”, contou ao TERRAS DE SICÓ, Ana Paula Cordeiro, responsável em Pombal pelo Projecto Velhos Amigos, da ONGD Atlas.
Ana Paula sublinha que, apesar de este ser um Natal diferente sem “o convívio de Natal que reunia voluntários e beneficiários e que nos obriga a um maior isolamento”, os voluntários “estão sempre por perto: aos sábados e à distância de um telefonema e acreditamos que os nossos utentes não estão mais sós por causa da pandemia”.
Numa época em que habitualmente reunimos a família para a tradicional ceia de Natal, muitas serão as famílias que serão assistidas pela Conferência Vicentina mas também por outras associações do concelho que nesta época distribuem os seus habituais cabazes de Natal.
“Este ano, por causa desta pandemia, não nos é possível ir para a porta do supermercado e efectuar o nosso tradicional peditório. Temos de contar com a boa vontade da população, para nos contactarem e deixarem os seus donativos que trataremos de entregar. Já contactámos também algumas empresas do ramo alimentar e aguardamos resposta. Mas este ano é sem dúvida um ano extremamente atípico e muito difícil para uma associação como a nossa de conseguir manter a ajuda a que já habituámos algumas pessoas”, disse Pedro Barros, presidente da Associação Pombal Jovem, ao nosso jornal.
Por seu turno, Cláudia Pinto, presidente da Associação Juvenil Horizonte, uma associação de jovens que desde 2001 entrega cabazes de Natal às famílias mais carenciadas da freguesia de Almagreira, refere que “é graças aos donativos deixados nas eucaristias em Almagreira e na nossa sede que conseguimos continuar a apoiar as nossas famílias”.
Ainda que Pombal possa contar com o apoio destas entidades de cariz social, ou que de alguma forma têm uma vertente social, Ângela Marques salienta o papel do Estado, que numa situação como a que vivemos, “é incompreensível que tenham de ser as instituições de caridade a desempenhar este papel”. Já Pedro Barros sublinha o “papel fundamental das Juntas de Freguesia, uma vez que são eles conhecem melhor a realidade das suas populações”, acrescentando que cabe também “aos serviços da Segurança Social prestar auxílio, uma vez que são quem tem mais e melhores condições”.
Como se constata, os tempos não estão fáceis e toda ajuda é bem-vinda, sobretudo nesta quadra, este ano com poucos motivos para ser festiva.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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