Comunidades de 13 aldeias e objectos de 13 museus de concelhos que integram a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura vão dialogar em “Museu na aldeia”, projecto iniciado hoje no concelho de Pedrógão Grande.
Entre a igreja e o coreto da aldeia de Mosteiro, famosa pela praia fluvial, a Sociedade Artística e Musical dos Pousos (SAMP), de Leiria, apresentou a iniciativa que pretende, acima de tudo, “chegar a pessoas que vivam em comunidades mais isoladas e que se encontrem em solidão”, explicou a coordenadora.
O pretexto são peças dos 13 museus seleccionados, que vão ao encontro do público-alvo, idosos autónomos com mais de 65 anos, acrescentou Raquel Gomes.
“Muitas destas pessoas nunca foram a um museu. Para elas o museu é algo que está longe. Queremos, através das artes, criar proximidade”, ajudando também a que “não se sintam tão sozinhas”.
“Museu na aldeia” desenvolve-se do encontro entre uma equipa que inclui artistas, museólogo, sociólogo e psicólogo e a população. A partir de objectos que os participantes têm em casa, desenvolve-se e esclarece-se a ideia de museu e do valor museológico. Numa fase posterior, um objecto de cada museu será apresentado à comunidade, que o reinterpretará num novo formato artístico a mostrar no museu que cedeu a peça original.
Para Margarida Moleiro, directora do Museu Carlos Reis, de Torres Novas, o projecto da SAMP “deixa todos os museus destes municípios envolvidos muito entusiasmados”, porque contraria a “vertente elitista” com que são encarados.
“A minha avó nem se atrevia a ir ao museu. Ir ao museu não era para muitos de nós. É isso que não queremos, que sejam para meia dúzia de ilustrados”, disse a responsável, em representação dos museus da Rede Cultura 2027.
Pelo carácter interactivo, “Museu na aldeia” dá oportunidade aos museus de “servirem as pessoas nas suas comunidades”, contribuindo para “devolver a auto-estima” a quem vive em territórios rurais de baixa densidade. Um exercício ainda mais importante em tempo de pandemia:
“Como se levam museus para as aldeias, muitas delas envelhecidas, este projecto tornou-se ainda mais relevante, por este contacto, esta relação com as pessoas”, frisou Margarida Moleiro.
O projecto decorre até ao fim de 2022 e compreende a criação de um museu virtual, com informação que permita a replicação e disseminação do processo noutros pontos do país. Em paralelo, decorrerá uma avaliação do impacto pelo Politécnico de Leiria.
Financiado pela Iniciativa Portugal Inovação Social e Câmara Municipal de Leiria, “Museu na aldeia” será “um estudo de caso a nível nacional”, considera a vice-presidente da autarquia.
“Acreditamos que pelo país fora mais museus vão sair até às aldeias e, especialmente, vão falar com as pessoas. É isso que nós queremos”, disse Anabela Graça.
Participam no projecto as aldeias de Mosteiro (Pedrógão Grande), Sapateira (Sobral de Monte Agraço), Freixianda (Ourém), Cabeças (Alvaiázere), Columbeira (Bombarral), Vargos (Torres Novas), São Bento (Porto de Mós), Arranhó (Arruda dos Vinhos), Alcanadas (Batalha), Famalicão (Nazaré), Ateanha (Ansião), Folgarosa (Torres Vedras) e Cercal (Cadaval).
Cada uma delas receberá objectos do Museu do Vidro (Marinha Grande), Casa do Tempo (Castanheira de Pera), Museu de Leiria, Museu da Arte Popular Portuguesa (Pombal), Museu e Centro de Artes (Figueiró dos Vinhos), Museu Municipal de Alenquer, Museu da Lourinhã, Rede Museológica do Concelho de Peniche, Museu Abílio de Mattos e Silva (Óbidos), Centro de Artes das Caldas da Rainha, Museu Raul da Bernarda (Alcobaça), Museu de Aguarela Roque Gameiro (Alcanena) e Centro de Estudos em Fotografia de Tomar.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM