Uma grande bolha de plástico dentro da qual actores representam é a solução encontrada pelo Leirena Teatro, de Leiria, para manter a actividade e reduzir o perigo de contágio com covid-19 de público e elenco.

Teatro da Bolha é o título do novo projecto que arrancou em Dezembro e que, nas duas últimas semanas, tem levado a escolas e jardins infantis do concelho de Leiria a peça “O globo de Sophia”, criada a partir da adaptação do conto de Sophia de Mello Breyner, “A noite de Natal”.

A ideia surgiu ao encenador Frédéric da Cruz Pires quando as escolas começaram a rejeitar a tradicional peça de Natal que a companhia tinha pensada para esta época do ano.

“Quando começámos a apresentar os dossiês do espectáculo que preparámos – que era outro -, nenhuma escola queria arriscar, por causa da pandemia”, recorda à agência Lusa.

Então, o encenador lembrou-se: “Porque não fazer um espectáculo de teatro dentro de um globo insuflável, como se fosse um globo de neve”, garantindo uma barreira transparente entre actores e espectadores, “com todas as regras de segurança”.

Da China veio o dispositivo cénico e, quando montado pela primeira vez na sala de ensaio, revelou-se uma surpresa pelas possibilidades de luz, sombra e movimento.

“Percebi logo que isto não era um cenário para um único espectáculo, mas uma estrutura cénica para vários espectáculos ao longo de 2021”, explica Frédéric da Cruz Pires.

Assim, o Leirena já trabalha para tornar o Teatro da Bolha permanente e representar, dentro dela, no próximo ano, “um espectáculo de intervenção e outro mais afectivo”, destinados a público mais adulto.

“Vamos explorar este objecto cénico de várias maneiras, salvaguardando toda a gente e explorando as suas potencialidades, que são estrondosas”, diz o encenador.

Segundo o responsável, tanto quanto a companhia de Leiria investigou, a ideia de fazer teatro dentro de uma bolha de plástico é original.

“Por uma questão ética e de profissionalismo, procurámos em Portugal, no Brasil, em Espanha e França e encontrámos várias ideias fantásticas de adaptação teatral à pandemia, mas nada que utilize um objecto cénico semelhante. Pode existir, mas não encontrámos”, afirma.

Até ao final de Dezembro, o Teatro da Bolha vai apresentar “O globo de Sophia” numa dúzia de escolas, envolvendo dois actores profissionais e cinco estagiários do Curso de Teatro do Colégio São Teotónio.

Nos dias 26 e 27 fará a primeira aparição ao público, no Teatro Miguel Franco, em Leiria.

LUSA