Para não falar da falta de planeamento e da incompetência do Governo sobre o modo como gere esta pandemia que nos assola, vale a pena falar sobre as expectativas que temos das novas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento, agora que, segundo o discurso oficial, a gestão de topo foi eleita.
Eleições de fazer de conta à parte, desejamos as maiores felicidades à nova Presidente da CCDRC, a Dr.ª Isabel Damasceno, e atrevemo-nos a deixar algumas ansiedades e sugestões para a Região Centro. Esta é a hora de ouvir, apesar do Covid nos obrigar a distanciamento social. Ouvir além dos autarcas que, naturalmente, têm linha e contacto privilegiados. Ouvir para além dos que são sempre ouvidos. Ouvir todos os actores principais da Região, mesmo que isso ocupe muitas dezenas de horas. Ouvir acompanhada dos melhores técnicos que serão responsáveis por traçar um plano de desenvolvimento regional para a década.
Um plano regional que vá além da visão particular de cada município por muito maior que seja, embora as principais cidades sejam naturalmente âncora de qualquer estratégia. Seria essencial actualizar o diagnóstico económico e social e traçar as linhas estratégicas para que o próximo quadro de recuperação carregado de dinheiro europeu não seja um mero somatório de “projectos” municipais ou um mero repositório de “ideias” nacionais.
Queremos uma Região Centro forte, mas só seremos fortes se tivermos um plano para a década, participado por empresários, por associações de empresas, por universidades e institutos politécnicos, por instituições sociais, por associações de municípios, por personalidades que possam acrescentar pela sua experiência e conhecimento. Se não formos disruptivos, faremos mais do mesmo, alimentando os mesmos vícios, não mudando nada a sério.
Claro que tudo isto só fará sentido se quisermos mudar. Mudar – essa palavra mágica que todos querem em abstrato, mas que normalmente todos recusam se tal implicar a sua própria mudança. Precisamos de líderes que nos inspirem. De líderes que sintam que o seu papel é determinante na vida de centenas de milhares de pessoas. Líderes que sintam e que ousem ter ideais, que tenham coragem de assumir. Líderes que se incomodem e que que se esforcem para fazer diferente. Fazer melhor, arriscando.
Porventura, poderá ser pedir muito, mas estas são as expectativas dos cidadãos, apesar de todas as desilusões e problemas que têm de enfrentar num País que poderia ser fantástico , mas que teima em não sair da cepa torta. Sempre entendi que a mudança pode ser construída de baixo para cima.
A próxima década arranca com um vírus que expõe incompetências e a completa impreparação para planificar e antecipar problemas mais graves. A próxima década que arranca mal, também pode ser uma oportunidade de se fazer melhor. Precisamos de um plano participado e de muita coragem nas nossas lideranças. Que as pessoas e os cidadãos estejam sempre à frente de todas as suas decisões, deve ser o ideal a reconstruir.
Espero que não seja querer demais ou ser demasiado idealista. Se há coisa que tenho percebido por causa do vírus, é a ideia de que quem tem responsabilidades, deve ou deveria ser muito mais competente, ter mais experiência de vida profissional e conhecimento do que se passa no mundo, para além do que é currículo político.
Por vezes, na vida das nações, há males que vêm por bem. Vamos acreditar nisso, até porque com tudo o que nos está a acontecer, a esperança deve ser mesmo, a última coisa a morrer.
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