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Soure: Pandemia estraga festa de aniversário e complica vida dos Bombeiros Voluntários

20 de Novembro 2020

Os Bombeiros Voluntários de Soure assinalam este domingo (22) o 130.º aniversário da sua fundação num contexto pandémico que impossibilita as comemorações que a data justifica e o desempenho daquela associação humanitária justificava.

Longe vai aquele 19 de Novembro de 1890, quando tudo começou. Se então, é fácil supor agora, os tempos eram difíceis, e o percurso da corporação em mais de um século não foi fácil, levando mesmo a algumas interrupções de percurso, era pouco provável imaginar que os 130 anos aconteceriam numa situação de emergência como a que vivemos.

Mas a realidade aí está e a habitual festa comemorativa do aniversário não vai acontecer, ficando a data assinalada apenas pelo hastear das bandeiras e a tradicional, e este ano mais contida, romagem aos cemitérios para “relembrar bombeiros e membros dos órgãos sociais falecidos”.

“A nossa intenção é apenas assinalar a data. Com muita pena nossa não podemos ter nas nossas instalações as pessoas de Soure que gostam dos Bombeiros e costumam vir, e os nossos convidados que anualmente nos honram com a sua presença. Indo de encontro ao plano de contingência interno que temos, com muita mágoa nossa, não é possível abrir-lhes as portas”, lamenta o comandante João Paulo Contente, esperançado que no próximo ano os festejos voltem à normalidade.

A corporação sourense vive uma situação financeira “complicada”, transversal aos outros corpos de bombeiros do país, devido a redução de serviços motivada pela covid-19. “Desde Março que tivemos uma quebra de receitas da ordem dos 60 a 70%, porque diminuiu o serviço de transporte de doentes não urgentes e também a emergência pré-hospitalar”, adianta aquele responsável, sublinhando, contudo, que nos últimos dois meses houve “um aumento de serviço, mas será impossível recuperar o perdido”. Os condicionalismos da nova vaga da pandemia “já se fazem sentir” e podem travar a retoma.

Para fazer face às dificuldades provocadas pela crise, a Câmara de Soure deverá apoiar a associação com uma verba de cerca de 50.000 euros, revela João Paulo Contente. Um auxílio financeiro que vai ajudar a “repor alguma normalidade” nas finanças da associação humanitária.

Ainda a “Leslie”…

Mas não é só a covid-19 a perturbar os dias dos Bombeiros de Soure: a tempestade ‘Leslie’ já fustigou o concelho há dois anos e as marcas ainda estão por sarar. A corporação sofreu prejuízos, nomeadamente, na secção da Granja do Ulmeiro e os prometidos apoios ainda não chegaram.

O telhado “voou” no meio da tempestade e foi encontrada uma solução provisória para permitir que as instalações continuassem a funcionar, mas estão a ser necessárias obras com urgência que reponham devidamente a cobertura e evitem as infiltrações de água, danificantes de outras áreas do espaço.

Uma candidatura apresentada a apalavrados fundos estatais continua perdida nos gabinetes da burocracia ou das cativações e será a autarquia sourense a financiar as obras de recuperação, conforme noticiámos na última edição do TERRAS DE SICÓ, numa medida municipal que se estende a outras colectividades do concelho afectadas pelo mau tempo de 2018.

De há dois anos vem também a reivindicação de uma segunda Equipa de Intervenção Permanente (EIP), suportada em partes iguais pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) e Município, que ajude a reforçar o socorro. “Temos tentado fazer ver à ANEPC que esta segunda EIP nos faz falta, porque temos uma secção destacada a 15 km de Soure, somos um concelho heterogéneo, com 60% de mancha florestal muito activa, com muitas vias de comunicação, ferrovia, auto-estrada…”. A ANEPC ainda não cedeu aos argumentos sourenses.

O Município de Soure tem vindo a suportar financeiramente os custos de uma equipa permanente de cinco bombeiros, que funciona como complemento à primeira EIP e enquanto a segunda não chega.

Novas ambulâncias

As necessidades da associação humanitária sourense passam renovação da frota automóvel afecta à área da saúde, com a premente substituição de ambulâncias de transporte de doentes não urgentes já com “muitos quilómetros” percorridos. “Essa substituição era um dos nossos propósitos no início deste ano. Chegámos a ter um concurso aberto para dois veículos, mas houve um problema concursal e o processo não foi em frente”, lembra João Paulo Contente. A pretensão dos responsáveis é avançar com novo concurso com o mesmo objectivo no início de 2021.

“O receio está sempre presente”

Estes são tempos difíceis também para os soldados da paz, obrigados a lidar diariamente, e de perto, com um inimigo “invisível”. Os primeiros tempos da pandemia foram complicados e o “receio está sempre presente”, admite João Paulo Contente, mas passados oito meses a lidar com o novo coronavírus, o comandante sourense admite que os seus homens estão agora “mais confiantes” nos equipamentos de protecção individual e continuam a assegurar com elevado serviço de missão a operacionalidade 24 sobre 24 horas. “Com o apoio da Câmara já realizámos dois testes de rastreio à covid e vou pedir para o final do ano um terceiro para todos os bombeiros, para ficarmos descansados, para salvaguardar a instituição e a própria comunidade sourense”, frisa João Paulo Contente.


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