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PAULO JÚLIO

Presidenciais com selfie

15 de Setembro 2020

Daqui a poucos meses, em pleno Inverno e sabe-se lá em que situação de pandemia, teremos eleições presidenciais.

Analisando as movimentações, é curioso perceber que não vão faltar candidatos, da esquerda à direita, a posicionarem-se por todas as razões menos porque ambicionam ser Presidente da República. É a política, dirão alguns. E, realmente, não vão faltar discussões internas, nomeadamente no partido do Governo que repete uma “estratégia” do PSD de há trinta anos. Faz de conta que não se passa nada, tem medo de perder por muitos e declara apoio “oficial”, através de uns notáveis mandatários locais, ao candidato mais do que provável vencedor. Enquanto isso, uma outra ala do PS tenta posicionar-se, ganhar algumas causas políticas e demonstrar a Costa que há mais partido para além dele próprio. Aliás, coisa legítima e verdadeira.

Do lado esquerdo, PCP e BE participam como sempre, provavelmente com os mesmos, para falar do mesmo e marcar a agenda política, de modo a disfarçar o desgaste em que vivem. Não podem deixar que o Orçamento de 2021 chumbe, mas há que encontrar palco político para marcar posição, nos meses seguintes até às Presidenciais. Em 2021, Outubro, haverá eleições autárquicas, com o País ainda em estado de convalescença por causa da Covid e logo se verá como cada um sairá dessas eleições para medir forças na nova discussão do OE de 2022. Mas, ainda falta.

Do lado direito, posicionam-se o “popular” André “Chega” Ventura que, obviamente, só pensa nas legislativas futuras e no número de deputados que poderá conseguir porque sente o cheiro da oportunidade política. A Iniciativa Liberal que é, hoje, a voz séria mais activa e consistente nos grupos parlamentares de direita ensaia uma “ideia” de dar palco a outra pessoa que não seja Cotrim Figueiredo. Não vai correr bem! Mas, enfim, a ideia também não encerra nenhuma espécie de ambição especial ao lugar presidencial pelo que tanto faz.

Finalmente, o PSD e o candidato Marcelo Rebelo de Sousa que sabe há muito o que pretende e tem percorrido a estrada que quer e quando quer.  O PSD liderado por Rui Rio não apoia Marcelo enquanto Marcelo não se apresentar como candidato, mesmo sabendo que Marcelo será candidato. Este modo “afectado” de estar na política está directamente ligado ao facto de Rio não morrer de amores por Marcelo o que sendo recíproco faz com que esse posicionamento também valha pouco ou nada, a não ser que a vitória de Marcelo seja dele próprio e de mais ninguém.

Sobre Marcelo, para concluir, é preciso dizer que no meio de tanto “posicionamento”, ele se ri muito e com prazer. Herdou de Cavaco Silva uma gerigonça que teve necessidade de segurar em nome da paz social e política e porque foi percebendo que apesar de não fazerem nada de especial por Portugal, o povo não identificava alternativa. E se há coisa que Marcelo sabe fazer, é “ler” a vontade do povo. Amparou Costa, Costa segurou-lhe o guarda-chuva, inauguraram juntos e perceberam mais cedo do que tarde que precisavam um do outro. Em 2020, cinco anos depois de Costa se ter apoderado do cargo de PM, cá estamos todos na mesma como a lesma. E Marcelo? Marcelo sabe mais disto do que os outros todos juntos e sabe bem para onde quer ir. Nos próximos cinco anos, segurará o governo até onde puder e perceber que há alternativa, coisa que nem há distância de um binóculo se vislumbra, nesta fase. Marcelo sucederá a Marcelo com o voto muito maioritário dos portugueses porque, apesar deste regime, Marcelo é o único que poderá fazer alguns equilíbrios políticos e sociais, tal é o deserto em que se vive.

É certo que Portugal não fará as reformas que tem de fazer a não ser tentar “safar-se” o melhor possível da pandemia que nos atira para um dos piores países europeus, em termos de queda de riqueza criada. Marcelo sabe que este governo ficará para a história como o governo do drama de Pedrogão, o governo da Covid, o governo da geringonça e o governo que, em rigor e com muito esforço de memória, basicamente pouco ou nada fez pelo País, a não ser “voar” na asa de uma economia que já estava a crescer e de um défice público que chegou a zero, graças à maior manobra de cativações orçamentais alguma vez realizada, graças ao menor investimento público dos últimos muitos anos e à estratégia de aumento de impostos indirectos. Isto, para além do discurso do “fim da austeridade” que também servia os parceiros de esquerda porque precisavam de moeda de troca para os seus pequenos ganhos. É isto. E venha de lá mais uma selfie!

 


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