A espanhola Clariant Iberica Producción pretende “voltar à carga” com o pedido de atribuição de direitos de prospecção e pesquisa de depósitos minerais de caulino e outros depósitos minerais associados, numa área de quase 20 km quadrados, denominada Monte Vale Grande, abrangendo cinco freguesias concelho de Soure e a freguesia de Ega (Condeixa), depois da Câmara de Soure ter dado parecer desfavorável à pretensão em meados do ano passado.
A decisão da autarquia não tem carácter vinculativo, mas perante a deliberação a empresa da Catalunha não avançou entretanto com o processo, que chegou a ver publicado em Diário da República o aviso de consulta pública para eventuais reclamações ou propostas.
O TERRAS DE SICÓ sabe que a Clariant Iberica Producción, S.A. admite agora reformular o projecto, diminuindo a área de pesquisa (é de 19,386 km2), que inclui as freguesias de Alfarelos, Figueiró do Campo, Granja do Ulmeiro, Soure, Vila Nova de Anços e Ega.
Monte do Vale Grande, Ribeira da Mata, Sanguinheira e Casal do Missa (Ega, Condeixa) são os principais núcleos habitacionais abrangidos na delimitação inicial, sendo a restante área composta por mancha florestal e vegetação naquelas freguesias.
“Em Maio de 2019 demos parecer desfavorável porque nunca concordaremos que uma área tão grande do município fique sob reserva para uma actividade de exploração mineira”, justifica o presidente da Câmara de Soure, Mário Jorge Nunes, adiantando mesmo que para a zona norte, nas freguesias de Alfarelos e Granja do Ulmeiro, a autarquia tem previstos projectos de localização empresarial e será intransigente quanto a qualquer outra possibilidade.
A fase de prospecção e pesquisa caracteriza-se por diversas operações que visam a descoberta de depósitos minerais e a determinação das suas características até à revelação da existência do valor económico. A empresa de Barcelona assegura que os trabalhos terão um impacto ambiental muito reduzido, resultante da realização de sondagens e da abertura de acessos, mas é a etapa seguinte, caso se confirme a viabilidade económica do projecto, que causa maior preocupação: a concessão para a exploração dos recursos minerais.
Para Mário Jorge Nunes, a fase de exploração “poderá ter impactos negativos significativos para o concelho, pondo em causa o desenvolvimento sustentável, o equilíbrio ambiental, a segurança das populações e o sossego público, porque é uma actividade associada a poluição ambiental e sonora e a um volume de tráfego pesado considerável”.
Todavia, o autarca admite que uma nova proposta da Clariant, com “um plano mais contido” e com “informação mais detalhada” sobre as intenções futuras possa “ganhar outra viabilidade”.
Recorde-se que há poucos anos Soure travou uma dura batalha para parar o pedido de extracção de caulino numa área de 400 hectares na zona de Bonitos, conseguindo em 2016 que a Direcção-Geral de Energia e Geologia chumbasse a concessão.
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