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Alvaiázere: Associação Al-Baiäz critica requalificação do centro da vila

29 de Agosto 2020

A Associação de Defesa do Património Al-Baiäz critica o projecto em curso de requalificação do centro da vila de Alvaiázere, reputando-o de “absoluta inutilidade” e considerando que descaracteriza a área abrangida, “não resolvendo – antes agravando – os enormes problemas urbanísticos”.

Dando conta que “há duas dezenas de anos, a Al-Baiäz propôs que se delimitasse o
‘centro histórico’ da vila, o qual deveria ter sido objecto de rigorosa preservação”, agora, “além de se descaracterizar completamente a área frontal da igreja matriz e da câmara municipal tal como ela existe há mais de um século (apesar de várias pequenas deteriorações posteriores), a edilidade apressa-se a demolir dois edifícios devolutos, situados no cruzamento central da vila, para aí fazer um espaço ajardinado, que será de escassa utilidade num ambiente rural como o de Alvaiázere”.

Para a Al-Baiäz, “em vez deste projecto destruidor da identidade estética da localidade, a Câmara Municipal, partindo da exacta delimitação do ‘centro histórico’, deveria reconstituir as feições urbanísticas da vila tais como existiam há cerca de quatro décadas, reedificando, se possível, edifícios já desaparecidos; corrigindo algumas aberrações estéticas entretanto ocorridas; reconstruindo edifícios que se encontram em crescente degradação; e recuperando sistematicamente as fachadas das ruas principais”, pois “só procedendo deste modo se pode repovoar o centro da vila, revitalizar a sua economia, chamar visitantes e turistas ao seu interior e captar investimentos privados”.

A associação afirma que exprimiu a sua opinião, “reservadamente”, num ofício de 25 de Fevereiro de 2019, dirigido aos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, na qual dava conta “da percepção de inúmeros alvaiazerenses que viam nesse projecto ‘uma previsível descaracterização final do que ainda  subsiste dos antigos e identitários traços urbanísticos de Alvaiázere’” e apelava a que “se reponderasse e reequacionasse o que se estava ‘a projectar, conciliando os direitos entretanto constituídos (ou tão-só as expectativas juridicamente tuteladas) com os interesses colectivos de todos os alvaiazerenses’”.

A primeira fase das obras de regeneração urbana da zona envolvente aos Paços do Concelho tive início em Maio passado, num investimento de cerca de 450.000 euros, comparticipado por fundos comunitários no âmbito do Plano de Acção de Regeneração Urbana (PARU).

A segunda fase da obra prevê a criação de uma nova praça e, antes que o projecto avance, a Al-Baiäz propõe a realização de um referendo local para a sua “aprovação livre e democrática”.

Apesar do tom crítico de um comunicado assinado pela direcção, na qual salienta que “ao longo dos seus 23 anos de existência, a Al-Baiäz nunca tomou qualquer atitude susceptível de ser interpretada como partidária, tendo colaborado com o município e com as freguesias nas diversas actividades”, a associação assegura que prosseguirá “a sua conduta de leal cooperação com o Município de Alvaiázere em tudo o que contribua para o levantamento, a protecção e a valorização do património cultural alvaiazerense”.

Câmara sem sugestões

Ao TERRAS DE SICÓ, e numa reacção ao comunicado da Al-Baiäz, o vice-presidente da Câmara, Agostinho Gomes, lembra que as obras em curso estão enquadradas e previstas no Plano Estratégico de Reabilitação Urbana da vila, documento esse que estabelece, por um lado, as medidas a implementar, prevendo incentivos “para que os privados possam requalificar e beneficiar os respectivos imóveis de que são proprietários”, e por outro lado, “a autarquia elenca um conjunto de intervenções e investimentos a realizar no espaço público, de forma a revitalizar a vila”.

“O documento esteve em discussão pública no ano de 2018, tendo-se procedido à respectiva divulgação no site do município, na imprensa local e regional, e tendo a autarquia promovido duas sessões de esclarecimento. Houve, assim, a oportunidade dos interessados, individuais ou colectivos, apresentarem reclamações, observações ou sugestões de melhoria. A verdade é que findo o prazo da discussão, o Município de Alvaiázere não recebeu nenhuma reclamação, observação ou sugestão”, frisa Agostinho Gomes, a quem compete, por deliberação camarária, conduzir o processo da obra devido à existência de incompatibilidade entre a função de presidente, exercida Célia Marques, e a execução daquela empreitada.

O vereador salienta que o projecto de arquitectura é da autoria de uma alvaiazerense, “conhecedora das características e da identidade local, não estando em causa a demolição ou destruição de património de valor histórico ou cultural que tivesse sido sinalizado ou considerado relevante”, e que a intervenção aponta à “implementação de uma nova visão para a relação das pessoas, com o espaço urbano, que possa trazer maior dinamismo a Alvaiázere”.

“A autarquia respeita, obviamente, a opinião de todos os cidadãos e de todas as entidades locais, sem excepção. Todavia, há um tempo para planear e outro para agir”, sublinha.


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