O comandante da Protecção Civil admitiu hoje que possa ter sido uma mudança de vento a cercar a equipa do bombeiro de Miranda do Corvo que morreu a combater um incêndio na Lousã, mas reservou conclusões para depois dum inquérito.
Em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, Duarte da Costa indicou que o incêndio que matou um bombeiro e provocou ferimentos em três outros da corporação de Miranda do Corvo começou com uma trovoada seca e que, nessas condições, há “mudanças de vento repentinas nas camadas inferiores da atmosfera, junto ao chão”.
“Rapidamente, num terreno que é muito difícil e com grande declive, poderá ter havido uma alteração de vento que levou a que o chefe José Augusto se visse na vicissitude de não conseguir sair da zona onde acabou por falecer. No entanto, vamos aguardar com calma e serenidade que sejam feitos todos os inquéritos pelas autoridades competentes como foi determinado pelo ministro da Administração Interna para que se tirem conclusões e se evitem situações destas”, declarou.
Questionado sobre se a equipa de bombeiros terá estado vinte minutos a pedir ajuda, Duarte da Costa recusou “especular sobre o que sucedeu ou deixou de suceder”.
O chefe José Augusto, que morreu no sábado, “era um profissional de grande competência, muito conhecedor da área e já tinha combatido vários incêndios”, afirmou, salientando que “situações destas podem sempre ocorrer” e que o bombeiro de Miranda do Corvo “combateu como um soldado e combateu até ao fim”.
O incêndio deflagrou ao final da tarde numa encosta da Serra da Lousã, junto a um acesso ao Trevim, no concelho da Lousã (distrito de Coimbra), e a combatê-lo estiveram mais de 200 operacionais de corporações dos distritos de Coimbra e Leiria.
Duarte da Costa afirmou que o alerta especial amarelo por risco de incêndio se aplica a todo o país até à meia-noite de hoje e que a partir dessa hora vigorará para os distritos de Beja, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Portalegre e Santarém.
O resto do território nacional passará a alerta azul, mas este plano “poderá ser alterado a qualquer momento” por causa da previsão de aumento de temperatura para os próximos dias.
“De certeza que irá sair um novo estado especial de alerta”, previu, apelando à população para que não se faça fogo e a todos os agentes da protecção civil, dos bombeiros à Cruz Vermelha, para que “tenham sempre uma atitude protectora e protegida”.
Em relação à página da Protecção Civil na internet, inacessível deste terça-feira passada, afirmou que o problema é que não está a fazer, como devia, a leitura automática do sistema de gestão de operações.
No entanto, assegurou que “toda a estrutura operacional de acesso e gestão da informação está a funcionar a 100 por cento” para a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil.
Alta para bombeiros feridos e luto municipal
Os três bombeiros que sofreram ferimentos durante o combate ao incêndio “já tiveram alta médica”, disse hoje fonte da corporação de voluntários de Miranda do Corvo.
O presidente da Câmara de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, decretou três dias de luto municipal (a cumprir hoje, segunda e terça-feira) em “memória e reconhecimento” de José Augusto Fernandes, que era funcionário da Câmara Municipal desta vila.
Os três bombeiros feridos – dois da corporação de municipais da Lousã e outro dos voluntários de Miranda do Corvo – tiveram alta hoje de manhã, depois de terem sido encaminhados, no sábado, para os Hospitais da Universidade de Coimbra, disse à agência Lusa o segundo comandante dos Bombeiros de Miranda do Corvo, Rui Bingre.
LUSA
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