Cerca de três meses depois, estamos numa fase em que é essencial haver informação clara que dê os devidos sinais para que a confiança perdida seja retomada, ainda que com os devidos cuidados. A economia, entretanto, literalmente aterrou, apesar de algumas medidas que servirão de almofada para que os problemas não venham todos juntos. Há imensas profissões independentes que praticamente desapareceram – motoristas de UBER, empresas de Tuk Tuk, guias turísticos, mais uma quantidade enorme de ocupações que estão suspensas há vários meses. A divida pública de Portugal vai subir imenso, pelo que o Banco Central Europeu e União Europeia serão fundamentais para nos aguentarmos com taxas de juro baixas e, dessa forma, com alguns suportes adicionais, possamos reconstruir o País.
Estamos em 2020 a poucos meses de eleições presidenciais e a pouco mais de um ano de eleições autárquicas. Na política nacional, vivemos estranhamente num momento em que o PS basicamente reage e governa à bolina – método em que se tornou especialista – sem oposição capaz e competente. Sim, não acompanho a ideia de que o maior partido da oposição não faça o seu papel de forma construtiva, diferenciando-se e colocando os pontos nos “is” sempre que tal se justifique. É que correu muita coisa mal. Desde a completa falta de preparação do SNS, até entrevistas da Ministra da Saúde em que ficou claro que ninguém pode fazer perguntas difíceis, passando por três ou quatro versões da legislação do Lay-off no espaço de uma semana, ou pelo facto de ter havido atrasos de pagamentos do lay-off a muitas empresas que esperavam esse dinheiro para pagar salários, ou ainda que as máscaras passaram de totalmente dispensáveis a obrigatoriamente utilizáveis, ou que no fim-de-semana do 1.º de Maio, nenhum português pôde sair do seu concelho de residência, ao mesmo tempo que dezenas de autocarros trouxeram pessoas para uma manifestação da CGTP, ou que no maior Governo da nossa democracia, que tem 19 Ministros e 50 Secretários de Estado, haverá uma “nova” pessoa para desenhar a estratégia económica de recuperação de Portugal, ou que, no meio da pandemia, o PM e o Ministro das Finanças envolveram-se num episódio para fazer barulho à volta de um contrato que estava aprovado na lei de Orçamento de Estado, só para entreter a esquerda e distrair a direita, etc, etc, etc.
A limitação do tamanho deste texto e a vossa paciência, levam-me a não lembrar mais nada, a não ser expressar que ser patriota, para mim, é fazer o nosso papel no “mundo” em que podemos actuar, bem como enfatizar que não, não estamos a ir por bom caminho, porque já não estávamos no caminho. Antes pelo contrário, esta crise só veio mostrar que estávamos debilitados e a desperdiçar oportunidades de recuperarmos lugares no ranking europeu, onde os países de leste estão a fazer melhor do que nós.
Com a economia a crescer e com o BCE a comprar divida pública, arrisco a afirmar que Portugal tem, pelo menos, mais uns cem “Ronaldos” para ir para o Terreiro do Paço. Agora com tudo o que está a acontecer, o Dr. Centeno vai-se embora, sem chegarmos a perceber como é que seria vê-lo jogar sob a tempestade. Ficará para a próxima.
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