Os Bombeiros Voluntários de Pombal “estão preparados” para enfrentar a crise económica provocada pela pandemia de covid-19, mas esta “vai deixar marcas”, admite Sérgio Gomes, presidente da direcção daquela associação humanitária, que ontem assinalou o 108.º aniversário de forma bem diferente do habitual.
Tal como acontece com a maioria das outras corporações do país, o transporte de doentes não urgentes, que “são uma fonte de receita significativa, tem estado reduzida praticamente a zero”. “No nosso caso, são cerca de 25.000 euros por mês”, salienta o dirigente ao TERRAS DE SICÓ.
Pouco antes de a pandemia chegar, “a direcção tomou a decisão, em consonância com o comando, de adquirir duas novas ambulâncias, uma delas de transportes de doentes não urgentes”. “Se fosse para decidir agora, de certeza que não iríamos avançar com a compra, porque representou um investimento de cerca de 90.000 euros, que não se vai traduzir em receitas, pelo menos nos próximos tempos”, reconhece Sérgio Gomes.
O presidente dos bombeiros pombalenses não tem dúvidas que as contas da associação “vão levar algum rombo”, porém, existe “uma almofada financeira, que herdámos e temos vindo a manter”, o que salvaguarda o cumprimento “escrupuloso” dos encargos com pessoal e compromissos com fornecedores.
Com cerca de 170 operacionais no corpo activo, dos quais 45 são profissionais, a corporação tem sentido nos últimos tempos dificuldade de recrutamento de novos elementos, o que impossibilitou a abertura de uma nova escola de formação. “Estamos a preparar uma campanha que iremos difundir pelo concelho para incentivar jovens e menos jovens a ingressar na carreira de bombeiro”, revela o dirigente.
A frota de viaturas tem “quantidade e qualidade suficientes”, no entanto, Sérgio Gomes aponta para a necessidade de um veículo de combate a incêndios urbanos para indexar a uma das três companhias da corporação, no caso, a da Guia. As outras duas estão localizadas em Albergaria dos Doze e Louriçal.
“Nestas três companhias destacadas temos realizado alguns investimentos de manutenção de valores significativos, com o apoio do Município de Pombal. Na sede é que estamos a precisar de alguma intervenção, pois o quartel já tem alguns anos e precisa de manutenção, que terá de ser feita nos próximos tempos”, afirma.
Na linha de trás…
O dirigente tem vindo a lutar pela atribuição de uma necessária segunda Equipa de Intervenção Permanente (EIP), considerando “uma injustiça um concelho enorme como Pombal só ter uma equipa e concelhos mais pequenos terem três”. A Câmara estará em sintonia com a pretensão da associação humanitária, todavia, falta a imprescindível autorização da tutela, que suporta metade dos encargos com o seu funcionamento.
“As associações humanitárias de bombeiros voluntários têm sido uma peça fundamental no combate à pandemia e estamos a trabalhar na linha da frente, mas depois estamos sempre na linha de trás dos apoios”, critica Sérgio Gomes.
Por causa das restrições impostas devido à pandemia, apenas o hastear da bandeira no quartel-sede, a formatura, deposição de uma coroa de flores e um minuto de silêncio no Monumento ao Bombeiro, em homenagem aos bombeiros e directores falecidos marcaram ontem mais um aniversário da corporação.
Presidente no último mandato
“Está a chegar o momento de passar o testemunho”. Sérgio Gomes disse ao TERRAS DE SICÓ que deixará a liderança da associação humanitária em Março do próximo ano, quando termina o actual mandato. Há 12 anos na corporação, metade dos quais como presidente, o dirigente defende a chegada de “outras pessoas, com outras ideias, outras equipas, porque a mudança é salutar”. “Direcção e comando têm feito coisas interessantes, mas há sempre coisas novas para fazer e daí a perspectiva de novas ideias e novas pessoas, que podem trazer uma lufada de ar fresco”, afirma. Na próxima assembleia-geral vai dar conta desta sua intenção.
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