Todos já percebemos que esta pandemia não vai passar depressa. Estamos numa fase de confinamento agudo, com a economia completamente estagnada, com vista à protecção da saúde pública, de modo a que o Sistema Nacional de Saúde ganhe tempo para responder ao fluxo de doentes. Olhámos para Itália, através das imagens dramáticas que nos apareciam na televisão, e claramente que a brutalidade que vimos à distância nos ajudou a perceber o problema e a aceitar que era preciso parar.
O que estamos a viver é totalmente inesperado e, tirando raríssimas excepções, as empresas têm um enorme problema pela frente. As ferramentas mais imediatas foram o recurso ao lay-off com perdas de salário para os colaboradores, mas muitas empresas já iniciaram processos de despedimento, o que, tudo junto, levará a perdas de rendimento substanciais. Estas perdas de rendimento e subida de taxa de desemprego, acompanhadas de subida da dívida pública, aumento exponencial do défice das contas públicas, gera um cocktail que levará a menos rendas para o Estado e muito mais despesa pública, nomeadamente ao nível das despesas sociais.
Estamos na hora da intervenção dos Estados com o suporte da União Europeia que, apesar de tímido, vai permitir que as taxas de juro fiquem num nível baixo, nos próximos anos. E essa é realmente a diferença entre 2020 e 2009. As instituições europeias protegerão os Estados, de modo a diminuir riscos e a acalmar os investidores ou mercados, como lhes queiramos chamar.
No final deste ano, saberemos onde tudo isto nos levou, mas a julgar boas as previsões, em Portugal, o PIB diminuirá mais de 8%, o que compara com o pior ano do tempo da Troika, quando o PIB diminuiu 4%. A previsão da taxa de desemprego é de mais de 13%, ou seja, por causa desta pandemia, vamos voltar para trás e teremos de voltar a trabalhar muito para recuperar estas perdas.
O Estado Português, obviamente, terá de se preparar, ou seja, todos nós teremos de estar preparados. Quando ouço o PM dizer que não haverá austeridade, leia-se rigor, obviamente que isso é retórica política. Os primeiros sinais e mensagens deixados por este governo relembraram os tempos de José Sócrates, em 2009 e 2010. Os dois dias de tolerância de ponto quando a função pública já estava em casa, devido à situação de emergência e quando não havia autorização de viagens para fora das zonas de residência, a anuência sobre o aumento de salários na função pública, o suporte em 100% do salário para os funcionários que estiverem com os filhos menores, quando os funcionários das empresas privadas perdem 1/3 do salário, vão para lay-off por falta de trabalho com perdas de rendimento ou perdem mesmo o seu posto de trabalho, são sinais graves de miopia política. Mais uma vez, esta governação socialista cria diferenciação entre os portugueses. Este filme de negação já o vimos noutros tempos, com protagonistas parecidos.
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