Com o projecto de arquitectura em marcha, parece ser desta que o há muito falado Museu do Espinhal vai avançar, instalando-se no edifício da Casa da Cultura, antiga Casa do Povo, que será ampliada para o efeito.
“Definimos o estudo prévio e estamos a avançar com o projecto de arquitectura e posterior projecto de execução”, adianta ao TERRAS DE SICÓ o presidente da Câmara de Penela, Luís Matias, perspectivando que a obra possa ter início ainda na parte final do corrente ano.
O projecto envolve a autarquia penelense, Junta de Freguesia do Espinhal e Sociedade Filarmónica do Espinhal, proprietária do espaço.
A ideia da criação de um museu começou a germinar no longínquo ano de 1983, ano da escritura de doação do espólio do médico José Bacalhau, natural de Bajancas Cimeiras, no Espinhal, a uma comissão local constituída para ser “depositária” das inúmeras peças, que vão desde mobiliário, condecorações, jornais antigos, artigos de decoração, “o seu passaporte”, entre muitas outras. O espaço museológico deveria incluir um núcleo onde parte destas estivesse exposta.
Por entre (poucos) avanços e vários recuos, os anos foram passando e a pretensão sendo adiada. Em 2008, a Câmara de Penela, então liderada por Paulo Júlio, assinou um protocolo de colaboração com a Sociedade Filarmónica, assumindo o restauro e inventariação daquelas peças. O trabalho iniciado não chegou a ser concluído.
Nos últimos anos, o projecto voltou à “agenda” e ao comprometimento político. “A ideia do museu não é nova nem é nossa, mas a nossa expectativa é que avance e estamos a fazer por isso”, assegura Luís Matias, realçando a necessidade de estabelecer um contrato-programa entre as três entidades envolvidas (Câmara, Junta e Filarmónica).
Satisfeito por antever que “é desta”, José Antero, vice-presidente e maestro da Filarmónica e também membro da comissão a quem foi confiado o espólio do “Dr. Bacalhau”, adianta que o propósito é que no futuro espaço museológico, para além de um núcleo dedicado ao médico falecido em 1972, fiquem expostos milhares de utensílios de artes e ofícios de outros tempos, ferramentas de inúmeras profissões que a freguesia do Espinhal conheceu. Do barbeiro ao latoeiro ou à costureira, do alfaiate ao taberneiro, ao carpinteiro, moleiro ou apicultor. Apenas alguns exemplos de um rol infindável que “ajudará a contar um pouco da história da vila”. O próprio José Antero e a Filarmónica são portadores de muito desse material e outras pessoas já manifestaram disponibilidade para contribuir com outras peças, como o sucateiro Augusto Bento que possui “um espólio bem guardado ligado ao Espinhal e ao seu antigo comércio”.
O espólio deixado pelo médico e todo o restante recolhido localmente, “de uma matriz cultural, identitária de artes e ofícios ligados ao território”, constitui “um pouco da história da própria vila do Espinhal e faz sentido estar num espaço nobre que possa ser também musealizado no sentido de melhor de perceber o que foi e é esse próprio território”, realça Luís Matias.
LUÍS CARLOS MELO
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