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Coimbra: Estudo sugere que meninos podem ser mais depressivos do que as meninas

24 de Março 2020

Um estudo sobre sintomas de depressão, ansiedade e stress em crianças portuguesas, publicado na revista científica BMC Psychiatry, sugere que os meninos têm maior probabilidade de apresentar sinais depressivos e de stress do que as meninas, entre outros factores que parecem influenciar a frequência destes sintomas.

Realizado por uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC), Universidade de Lisboa e Universidade Fernando Pessoa, Porto, e do Instituto Politécnico de Viseu, o estudo teve como objectivo explorar os factores associados a sintomas de ansiedade, depressão e stress nas crianças portuguesas em idade escolar, dos 7,5 aos 11,5 anos, uma vez que existem poucos dados sobre a magnitude e causas dos problemas de saúde mental mais comuns em idades tão jovens, informou hoje a UC.

Participaram no estudo 1.022 crianças – 481 meninos e 541 meninas – de escolas públicas e privadas das cidades de Coimbra, Lisboa e Porto e os respectivos pais. Ao analisarem os auto-relatos das crianças, os investigadores concluíram que os rapazes reportam mais frequentemente sintomas de stress e sintomas depressivos do que as raparigas.

As diferenças entre meninos e meninas na expressão destes sintomas podem ser influenciadas pelo contexto cultural. “Poderão residir numa maior tendência das meninas para responder de forma socialmente mais desejável ou expectável”, afirma Diogo Costa, primeiro autor do artigo, citado numa nota de imprensa.

Os investigadores concluíram também que as crianças de Lisboa reportam mais frequentemente sintomas do que as de Coimbra e Porto. “As crianças de Lisboa, por comparação com as de Coimbra e Porto, poderão estar expostas a características do ambiente urbano mais prejudiciais que se reflectem na frequência destes sintomas. Por exemplo, poderão ter de percorrer maiores distâncias no percurso entre casa e escola, e passar mais tempo no trânsito”, justifica o investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, centro que liderou o estudo.

Esta investigação sugere ainda que os factores parentais, em particular os sintomas depressivos, de ansiedade e de stress da mãe, interferem de forma negativa na saúde mental das crianças. Segundo Diogo Costa, “a influência, negativa, do estado emocional das mães nas emoções das crianças é bastante conhecida, sobretudo para os sintomas depressivos, e pode fazer sentir-se desde cedo. São necessários, contudo, estudos longitudinais, que acompanhem as crianças e mães ao longo do tempo, para melhor avaliar outros factores intervenientes nesta relação, como por exemplo a vinculação entre pais e crianças”.

Considerando que os sintomas de depressão, ansiedade e stress experienciados durante a infância podem ter um impacto negativo no desenvolvimento, a coordenadora do estudo, Cristina Padez, defende que “são imprescindíveis estudos longitudinais para conhecermos o impacto destes sintomas no aparecimento da obesidade infantil, um problema com uma grande expressão na generalidade dos países desenvolvidos e em que Portugal também tem taxas muito elevadas”.

O estudo, que faz parte de um projecto de investigação mais alargado, intitulado “Desigualdades na obesidade infantil: o impacto da crise socio-económica em Portugal de 2009 a 2015”, foi co-financiado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e Fundação para a Ciência e Tecnologia.

(Na foto, os investigadores Diogo Costa e Cristina Padez)


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